segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Aço para obras a jato

Foto do aeroporto do Porto, cedida pela agência reguladora dos aeroportos de Portugal

Os aeroportos brasileiros serão os portões de entrada dos 500 mil turistas estrangeiros esperados para a Copa do Mundo 2014 e, segundo um ditado popular, a primeira impressão é a que fica. Sendo assim, nossos aeroportos precisarão imprimir a tradicional vocação de hospitalidade do povo brasileiro e revelar aos visitantes, logo na chegada, que o Brasil possui tecnologia e infraestrutura para receber aos mais exigentes viajantes, sejam estrangeiros, sejam locais.
A tarefa de construir ou ampliar os aeroportos nas cidades-sede da Copa não é fácil e exigirá rapidez na execução dos projetos, pois são considerados pela FIFA como infraestrutura essencial para a recepção e locomoção do volume de turistas esperados para o evento, pois o avião será o meio mais ágil no deslocamento dos torcedores durante os jogos, além das centenas de atletas, jornalistas e funcionários da FIFA que virão ao Brasil.
De acordo com a Infraero, Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, o planejamento dos investimentos nos aeroportos relacionados aos jogos da Copa do Mundo é da ordem de R$ 7 bilhões ao longo dos próximos cinco anos.
Autor do projeto do Aeroporto Internacional Augusto Severo, localizado em Natal (RN), uma das cidades-sede da Copa 2014, Sergio Parada acredita que o uso do aço seja um dos materiais mais indicados para se cumprir os prazos dos projetos de ampliação e construção dos aeroportos. Aliás, a experiência do arquiteto com o uso do aço em obras aeroportuárias lhe confere fortes credenciais: o aeroporto de Natal é o primeiro em sua categoria no Brasil a ter a estrutura totalmente concebida em aço, desde a concepção do projeto. No aeroporto de Natal, o aço está presente, além da estrutura, na cobertura, nas carenagens dos pilares, forro e lajes em steel deck.
“Este tipo de arquitetura”, afirma Parada, “exige uma preocupação com o usuário, de modo a favorecer a leitura do edifício, respeitando a escala humana e proporcionando deslocamentos claros. A linguagem adotada no Augusto Severo é a de um prédio transparente e integrado com seu entorno físico e sua arquitetura marca, por meio de tecnologia aprimorada e expressão plástica, a identidade com o espírito da cidade e da região à qual serve.”
Para isso, o aeroporto de Natal foi concebido a partir de uma estrutura simples, “mas que desenhasse as curvas do teto que imaginei”, diz o arquiteto. Há uma sequência de vigas treliçadas planas que cortam transversalmente o edifício a cada 12 m, nos vãos propostos pelo projeto anterior e descartado pela Infraero e que limitaram as fundações. A estrutura de cobertura é travada por outras vigas longitudinais e mãos-francesas e a que forma o piso do mezanino e, consequentemente, o pavimento técnico, foi executada com treliças em perfis I, assim como os pilares.
No desenho arquitetônico, destaca-se a cobertura com jogo de planos curvos, os quais não se tocam para que a luz penetre no edifício como se fossem grandes sheds, uma clara homenagem do arquiteto à beleza natural da região. “No interior do edifício, além do aproveitamento da luz, eu queria que o ar circulasse livremente, possibilitando, desta forma, um desenho de uma arquitetura ambientalmente correta.”
No caso dos aeroportos brasileiros que precisarão ser ampliados para a Copa 2014 e continuarão em funcionamento, o aço se revela como a alternativa mais acertada para a execução das obras no prazo exigido pela FIFA. Neste tipo de projeto, o Aeroporto Santos Dumont do Rio de Janeiro (RJ) pode ser uma inspiração para arquitetos e engenheiros.
Considerado um ícone da arquitetura modernista brasileira, o Terminal de Passageiros do Aeroporto Santos Dumont foi projetado na década de 1930 pelos irmãos Milton e Marcelo Roberto e sua arquitetura ficou descaracterizada ao longo de sua vida por reformas e adaptações, até que, em fevereiro de 1998, um incêndio o destruiu quase por completo. Recuperado com projeto do arquiteto Sergio Jardim, retomou sua volumetria original e outras características marcantes de sua época, o que resultou em seu tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac).
Em 2004, o Terminal de Passageiros do Santos Dumont novamente foi alvo de ampliação, mais uma vez com projeto de Sergio Jardim, que encontrou diversas condicionantes como desafio: além de ser tombado, a ampliação não poderia impedir a visão da Baía da Guanabara e deveria considerar o mínimo de intervenções no prédio existente. Portanto, “a ampliação do Santos-Dumont foi concebida de modo a ‘envolver’ o prédio existente originalmente e tombado”, afirma Sergio Jardim. Desta forma, criou-se um bloco lateral ao prédio existente para as funções de embarque, ficando o prédio original com as funções de desembarque. Relacionando estes dois blocos, e dadas as características estéticas, foi criado o chamado bloco de ligação em aço que relaciona os citados blocos com o Conector, também em aço, onde estão as salas de embarque e pontes metálicas de embarque e desembarque. “Todo este conjunto precisava necessariamente de soluções arquitetônicas que conferissem leveza e transparência ao conjunto, daí a opção pelas estruturas em aço”, destaca.
Em termos construtivos, o grande destaque da ampliação do Santos Dumont, sem dúvida, é o Conector que interliga os quatros prédios que formam o Terminal de Passageiros: uma estrutura em tubos de aço e vidro que forma uma edificação elíptica com 3.360 m² e 287,50 m de comprimento.
Toda a obra de reforma do Santos Dumont levou apenas dois anos e Sergio Jardim reforça o coro dos que defendem o aço como solução construtiva para os projetos da Copa 2014. “Seguramente, o aço é o material mais adequado devido às suas características de leveza arquitetural e estrutural, além da maior facilidade em agregá-lo a estruturas existentes, conferindo maior velocidade aos processos construtivos”, garante o arquiteto.

Experiência além-mar
Em Portugal, encontramos mais um exemplo da agilidade que o aço impõe a qualquer obra, defendida pelos dois arquitetos brasileiros. Foi o que aconteceu com o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na cidade do Porto, em que novos pisos foram construídos sobre o terminal existente em operação. A solução construtiva encontrada foram as estruturas em aço. A partir dos requisitos do projeto, de acordo com Tiago Abecasis, engenheiro responsável pelo projeto estrutural do aeroporto pela empresa Tal Projecto Lda, era claro a necessidade de se reduzir ao mínimo a quantidade de elementos da nova estrutura que atravessam os espaços onde funcionavam equipamentos e serviços, ou circulavam pessoas e bagagens, além de toda a movimentação das peças que constituem as estruturas dos novos pisos sobre a cobertura existente. “O material estrutural que melhor se adequa a esses condicionamentos é, sem dúvida, o aço, que permite vencer grandes vãos e suportar esforços elevados com peças relativamente leves”, destaca Tiago Abecasis.
O Aeroporto Francisco Sá Carneiro foi eleito, em 2007, a melhor obra de Portugal em aço pela European Convention for Constructional Steelwork (ECCS) - Convenção Europeia para Construções em Aço -, e conforme explicou o júri, a premiação foi concedida devido ao edifício vencer 80 m de vão por meio do emprego de estruturas trianguladas e combinar a transparência com a leveza da estrutura, apropriadas a esse tipo de edificação. O Terminal também foi escolhido, em 2009, como o terceiro melhor aeroporto da Europa em sua categoria – menos de 5 milhões de passageiros/ano.
Com a ampliação, o Terminal de Passageiros do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que ocupava uma área com 200 m x 80 m, passou a ter 840 m x 120 m, com altura máxima, acima do nível de estacionamento, de 9,5 m para 32 m.

Sonho em aço e vidro
Com adjetivos superlativos, o Aeroporto Internacional Suvarnabhumi, em Bangcoc (Tailândia), é uma das obras arquitetônicas recentes que mais impressionam no quesito dimensão: há espaço suficiente para um campo de futebol entre os dois únicos pilares do terminal. Projetada pelo arquiteto Helmut Jahn, do escritório Murphy/Jahn Architects, a construção, finalizada em 2004, também impressiona pelo ar futurista impresso pelas vigas de aço e pelos vidros do fechamento lateral, nos quais foram utilizados 3.500 toneladas de aço e 100 mil m² de vidro.
O Terminal de Passageiros do Suvarnabhumi (que significa, em tradução livre, terra dourada) é uma construção inovadora e sua superestrutura consiste principalmente em pilares de aço distanciados a 126 m, que suportam o peso do telhado de 210 m x 576 m, que cobre o prédio envidraçado do terminal e se projeta por mais cerca de 40 m acima dos pilares – seis no total, ligados por meio de gigantescas vigas pesando 1.700 toneladas. O aço no aeroporto de Bangcoc foi utilizado, inclusive, nas grades, painéis, escadas, torre de controle, grades de vidro, balcões de check-in. Sete pavimentos e uma cave dão uma área total de 563 mil m², que o tornam provavelmente o maior aeroporto do mundo, mas que, ainda, será ampliado.

Texto original, não editado, para a edição especial Copa 2014 da revista Arquitetura & Aço - dezembro 2009

Casa em steel frame no Caldeirão do Huck

Na foto, entrada do sobrado em steel frame projetado pela equipe do arquiteto Marcelo Rosenbaun para o Caldeirão do Huck

O quadro Lar Doce Lar, do Caldeirão do Huck, veiculado no sábado 7 de dezembro mostrou as infinitas possibilidades do steel frame na construção civil popular. A casa “reconstruída” está localizada no alto do morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, e um simples barraco se tornou uma bonita e ventilada casa de dois pavimentos.

O projeto de Marcelo Rosenbaun e equipe optou pelo steel frame para facilitar a subida dos materiais, já que as estruturas e as placas cimentícias são leves e o acabamento se resolve praticamente só com pintura. De acordo com o arquiteto, outro ponto a favor da construção seca é que ela gera pouco resíduo na obra, ou seja, não houve entulho para remover.

Outro destaque desse projeto é o telhado verde, escolhido para dar mais conforto térmico à casa e porque retarda as águas das chuvas, ajudando a combater alagamentos e desmoronamentos.

Além de propiciar uma casa nova para a família do Carmo, esse projeto tem o objetivo de ser o piloto para outras moradias de comunidades como a do Santa Marta, que poderá servir a qualquer família dentro desse perfil e com a possibilidade de aumentar a área e abrigar um negócio próprio.

Esse projeto de soluções foi doado pela Rosenbaum para a comunidade Santa Marta e entregue empara o Secretário de Planejamento e Obras do Rio de Janeiro, Sérgio Dias, e contempla as seguintes opções:
1 quarto + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia

1 quarto + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia + área para uso comercial

2 quartos + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia

2 quartos + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia + área para uso comercial

3 quartos + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia

3 quartos + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia + área para uso comercial

Foto: blog do Rosenbaun

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Fora do ar

"Ando meio desligada, já nem sinto meus pés no chão..."