terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Metrô Cidade Nova, Rio. Maior vão ferroviário brasileiro

Passarela com estrutura de aço liga a Estação Cidade Nova, do Metrô do Rio de Janeiro, a Prefeitura da cidade e se destaca na paisagem pelos grandes vãos em arco

Devido a localização na Avenida Presidente Vargas, centro do Rio de Janeiro, e em frente à Prefeitura, havia uma grande preocupação com o impacto que a construção da Estação Cidade Nova do Metrô Rio de Janeiro teria na paisagem.
As diretrizes estabelecidas pela Concessão Metroviária do Rio de Janeiro S.A. - Metrô Rio levou o projeto arquitetônico da estação a vencer desafios: a primeira, sua localização junto ao pátio de manutenção do metrô, e a segunda, a necessidade de ligar os dois lados da avenida que, além da largura e do tráfego intenso, é passagem obrigatória de ônibus e carros que se dirigem e saem do centro da cidade, assim como passagem dos carros alegóricos em direção ao Sambódromo.
Com estas condicionantes em mãos, o escritório de arquitetura JBMC buscou soluções que, com o menor impacto no dia a dia da cidade, conseguissem vencer os grandes vãos impostos pela largura da avenida e pelo pátio de trens.
“A melhor alternativa para contornar estes obstáculos foi fazer a transposição da avenida através de uma passarela suspensa por grandes arcos metálicos - dois com vãos de 90 m cada e um terceiro, com 43 m sobre o pátio ferroviário”, afirma o arquiteto João Batista Martinez Corrêa.
O aço foi o material escolhido para atender os desafios da execução do projeto, conforme destaca o arquiteto da JBMC: “a utilização do aço foi a mais adequada por reduzir o impacto de construção no congestionado local de intervenção. Como a estrutura em aço é executada em fábrica, sob rígido controle de qualidade, sua montagem é rápida e limpa e requer apenas que as fundações sejam feitas no local, causando alguns distúrbios apenas na fase inicial das obras”.
Inaugurada em 1° de novembro de 2010, a estação se destaca sobre a Avenida Presidente Vargas, pelos grandes arcos pintados com tons metálicos, atraindo os olhares e despertando a admiração de quem passa pelo local.
O projeto arquitetônico da estação, que ocupa uma área 2.500 m², engloba o viaduto com o maior vão ferroviário urbano do país - com 110 m de extensão - e conecta a Linha 1 à Linha 2 do metrô carioca.
As características arrojadas do projeto exigiram um planejamento de execução e montagem muito apurado. Outro desafio foram as restrições de espaço impostas durante a obra, no período de junho e julho de 2010. O içamento das peças estruturais, por meio de guindastes, ocorreu durante a madrugada de forma a não interromper o trânsito nas Avenidas Presidente Vargas e Francisco Bicalho.
A preocupação com a utilização de recursos naturais também está presente nas novas estações do Rio de Janeiro. A estação Cidade Nova é dotada de aberturas que proporcionam ventilação natural e de brises que controlam a incidência de luz nos ambientes.
As telhas isotérmicas de aço, do tipo sanduíche, reduzem a transmissão do calor e colaboram para evitar o ruído sobre a cobertura em dias de chuva.
Os caixilhos de vidro da passarela são do tipo basculante e podem permanecer abertos na maior parte do tempo, ou fechados em dias de chuva com vento, evitando danos nos equipamentos internos. As escadas rolantes de acesso à passarela têm fechamento em vidro e são dotados de ventiladores movidos a energia solar. Nos vestiários a água quente é proveniente de um aquecedor solar e as águas da chuva são coletadas e armazenadas para a irrigação dos jardins.
“O resultado final, o conjunto da obra e sua inserção no meio urbano garantiram a conexão de dois lados da avenida que anteriormente não se conversavam. A passarela foi projetada de maneira a garantir transparência e permeabilidade ao conjunto, se inserindo de maneira respeitosa à cidade. O nosso desafio foi trabalhar a grande estrutura, tirando benefícios estéticos e gerando transparência e beleza”, finaliza o arquiteto.

Texto publicado na revista Arquitetura&Aço n° 24, dezembro de 2010
Imagem: render fornecido pelo escritório JBMC

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