segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A alegria das festas de antigamente

A empresária Estela Curioni, formada em engenharia civil e proprietária do ateliê de festas Caraminholando, resolveu dar uma guinada na vida de executiva e partiu para a produção de festas “como nos velhos tempos”, inspiradas em sua infância. Nesta entrevista para Manual Flávia Ferrari, Estela abre seu coração e fala sobre a alegria de ser mãe e o prazer de transformar as comemorações em momentos inesquecíveis!


Como se deu a transição de engenheira civil para empresária?
Foi algo recente, que surgiu com a maternidade brinco que foi como uma gestação. Quando nasceu meu primeiro filho, o universo infantil invadiu minha vida e eu não sabia nada. De repente, tive que descobrir como amamentar, descobrir quantas meias são necessárias no enxoval de um recém-nascido, qual a melhor posição para o bebê dormir, o que é um “cueiro”. E veio a possibilidade de poder mergulhar em um mundo de coisas lindas e divertidas que a chegada dos filhos traz.
Quando o assunto era festa infantil, sempre procurava criar algo diferente, com um significado para mim e para as crianças. A cada ano, inventava temas, brincadeiras, lembrancinhas e arranjos diferentes, e fazia com que a festa ficasse mais e mais parecida com a memória que tinha das festas de minha infância.
No nascimento de meu segundo filho, depois da licença-maternidade sendo mãe em tempo integral, vendo tudo acontecer de pertinho, surgiu uma vontade de não voltar mais para a empresa e buscar um caminho diferente. Não sabia ainda o que era, e a primeira decisão foi parar um tempo de trabalhar para fazer um MBA, enquanto decidia o que queria em termos profissionais. Até aí, não imaginava realmente deixar minha vida de executiva. Mas ficando em casa com as crianças e com tempo para pensar em caminhos de carreira, foi quando começou a gestação do meu terceiro “filho” – a Caraminholando, que pari em setembro de 2009. E para abrir a empresa, mantive muito contato com empreendedores e comecei a entender melhor o mercado e minhas habilidades.
O que é mais bacana, hoje, em relação à empresa é que consigo conciliar meus “três” filhos, já que trabalho muito em casa e uso o repertório que aprendo com eles nas festas para fazer as coisas de uma maneira equilibrada e prazerosa.
Do ponto de vista dos negócios, tudo o que aprendi em minhas funções anteriores tem sido uma experiência útil, nada é descartável. Tenho de fazer planejamento estratégico, planilhas de custo e preço, contratação e gerenciamento de equipe, e até para prender os enfeites no teto uso meu aprendizado de engenharia! Ou seja, tudo, de uma certa maneira, me trouxe até aqui.


Onde aprendeu, ou desenvolveu, as técnicas para criar as peças de sua empresa?
Sou muito curiosa com os temas que gosto. A internet foi minha grande escola e a tentativa e erro, parte fundamental e valiosa do processo! Tenho uma biblioteca muito boa também. O processo sempre começa com a definição de um “conceito” por trás das minhas criações. Sempre tem alguma brincadeirinha, alguma sacada como o castelo de cartas que serve de porta-doces na festa da Alice, ou o Toddynho personalizado de cavaleiro, com o canudinho no lugar da espada. Depois que tenho a ideia, corro atrás para viabilizá-la. Nesta hora, acho que minha cabeça de engenheira me ajuda bastante a pensar as coisas no processo, parte por parte: o que faço primeiro e o que pode funcionar para chegar ao resultado que quero. E novamente, com tentativa e erro.
Outra coisa que uso muito é a identidade visual. Cada festa tem um padrão visual que crio primeiro de forma digital, desde os tags dos docinhos até a sinalização da porta dos banheiros ou seja, passo muito tempo em frente ao computador, seja pesquisando ou fazendo os arquivos para imprimir para as festas.
Uso muito também materiais de scrapbook – papéis coloridos, cortadores, clips, glitter etc. Enfim, cada festa gera uma ideia, que gera o uso de materiais que já domino ou materiais novos que vou pesquisar.
E, por fim, quando não sei algo, peço ajuda a quem sabe fazer! Por exemplo, sou um fiasco na máquina de costura, e aí entram meus parceiros para compor o que visualizei na minha cabeça!




Como é trabalhar com temas tão variados – de festas infantis a festas de 90 anos e piqueniques?
Simplesmente maravilhoso! Amo poder variar e não ter rotina, cada hora estar pensando em algo diferente. Mas apesar de trabalhar com todas as idades e diversos níveis de “seriedade”, sempre busco ter um universo lúdico para poder criar por isso, falamos que a Caraminholando “é para crianças na barriga, nascidas e já crescidas”! Mesmo os adultos gostam e querem algo bonito, bacana e divertido na hora de comemorar e de receber.



De onde vêm suas ideias?
Eu busco sempre voltar às referências originais, como filmes, desenhos, livros relacionados ao tema, além, obviamente, da minha “querida” internet. Depois, busco ícones para brincar e passo a criar o conceito da festa, tentando não ser muito literal na criação e fugir do óbvio. É um processo que pode levar semanas ou acontecer em um “click”, que aparece em uma hora que nem estava pensando na festa. Por exemplo, a festa do Lego foi algo que criei na cabeça há muito tempo, mas que precisava de um “cliente” que pedisse o tema e me permitisse executar o que havia pensado. Foram três meses montando caixas, torres, letras com mais de 3.600 pecinhas de Lego, que resultou em uma mesa onde todos os doces, suportes e enfeites eram feitos ou enfeitados com ele.

Como você escolhe os materiais?
Depende da ideia que quero passar com a festa cada material tem uma textura que nos transmite sensações diferentes, como feltro, scrapbook ou tecido. Ou seja, escolho o material que “converse” com o projeto e componha a identidade que criei sofisticado, natural, artesanal. Faço muita coisa sozinha, mas tenho diversos parceiros principalmente na área que envolva costura!


E em casa, como é Estela Curioni?
Bem menos “caraminholenta”! Em casa não sou de inventar muita coisa, de criar coisas para a decoração. Mas adoro receber! Seja família, amigos, vizinhos. Como boa italiana, acredito que a cozinha e a mesa ainda são os melhores lugares para uma boa prosa e risadas.


Como é o seu lado mãe? O que você cria para seus filhos?
É de longe o papel que mais gosto na minha vida. Algo que me completa e que me dá muito prazer e muita preocupação e trabalho também! Quero sempre estar presente, ensinar, mostrar a diferença entre o certo e errado e, ao mesmo tempo, ter espaço para sentar e brincar, dar risada, criar deliciosas lembranças de uma infância feliz como a que tive. É um trabalho diário, de formiguinha, e o fato de ter a Caraminholando e estar muito mais presente na vida deles hoje do que antigamente, me dá muito mais oportunidade de ser a mãe que imaginei ser.

O que você gosta de fazer nas horas vagas?
Brincar com as crianças, encontrar amigos para um café e assistir a um bom filme. Viajar, seja para o interior onde meus pais moram, seja para a praia ou qualquer outro lugar.
Sua criação para a festa Alice no País das Maravilhas foi divulgada por Amy Atlas, no blog Sweet Designs. Qual a importância para você e para outros brasileiros que trabalham neste segmento?
Existe uma tendência neste segmento de mesas mais conceituais, mais clean e surpreendentes. Acho que a Amy Atlas faz isso muito bem. Brinco que gostaríamos de ser ela quando crescer. Ser reconhecida no blog dela foi algo que me deixou muito feliz e muito importante para a consolidação da Caraminholando. Muitos dos nossos clientes ou jornalistas chegam até nós por meio da divulgação do blog Sweet Designs. Para os brasileiros, vejo que coloca nosso país no mapa de designers de festas no mundo.


Para finalizar, diga para as nossas leitoras o que é “o fazer em casa/para a casa” para você.
Eu acredito que nossa casa deve ter nossa cara e fazer em casa é a maneira de trazer nosso jeito e nossa personalidade para os ambientes, seja uma toalhinha diferente, um arranjinho de temperos na cozinha ou um mural de fotos. Algo que transforme sua casa em uma exteriorização de quem somos.




Estela Curioni ensina a montar uma mesa personalizada


1) Defina uma paleta de cores fora do padrão, com alguma cor forte que ajude a dar personalidade à mesa, como o vermelho, azul ou preto.


2) Ouse na montagem da mesa – esqueça a toalha e use passadeiras no lugar dos convidados.


3) Use o guardanapo para dar um charme especial à mesa. Dobras, laços e porta-guardanapos dão um toque de criatividade e decoram. Se for usar um porta-guardanapo, cuidado para não exagerar. Lembre-se: menos é mais.


4) Use um arranjo baixo no centro da mesa, ou pequenos arranjos do lado esquerdo do prato, oposto ao arranjo de taças.


5) A iluminação também ajuda a decorar e criar um clima aconchegante para receber. Você pode usar velas e uma iluminação mais indireta para ressaltar a decoração da mesa.


Entrevista publicada na edição nº 3 da revista Manual Flávia Ferrari.



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