segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Aço para obras a jato

Foto do aeroporto do Porto, cedida pela agência reguladora dos aeroportos de Portugal

Os aeroportos brasileiros serão os portões de entrada dos 500 mil turistas estrangeiros esperados para a Copa do Mundo 2014 e, segundo um ditado popular, a primeira impressão é a que fica. Sendo assim, nossos aeroportos precisarão imprimir a tradicional vocação de hospitalidade do povo brasileiro e revelar aos visitantes, logo na chegada, que o Brasil possui tecnologia e infraestrutura para receber aos mais exigentes viajantes, sejam estrangeiros, sejam locais.
A tarefa de construir ou ampliar os aeroportos nas cidades-sede da Copa não é fácil e exigirá rapidez na execução dos projetos, pois são considerados pela FIFA como infraestrutura essencial para a recepção e locomoção do volume de turistas esperados para o evento, pois o avião será o meio mais ágil no deslocamento dos torcedores durante os jogos, além das centenas de atletas, jornalistas e funcionários da FIFA que virão ao Brasil.
De acordo com a Infraero, Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, o planejamento dos investimentos nos aeroportos relacionados aos jogos da Copa do Mundo é da ordem de R$ 7 bilhões ao longo dos próximos cinco anos.
Autor do projeto do Aeroporto Internacional Augusto Severo, localizado em Natal (RN), uma das cidades-sede da Copa 2014, Sergio Parada acredita que o uso do aço seja um dos materiais mais indicados para se cumprir os prazos dos projetos de ampliação e construção dos aeroportos. Aliás, a experiência do arquiteto com o uso do aço em obras aeroportuárias lhe confere fortes credenciais: o aeroporto de Natal é o primeiro em sua categoria no Brasil a ter a estrutura totalmente concebida em aço, desde a concepção do projeto. No aeroporto de Natal, o aço está presente, além da estrutura, na cobertura, nas carenagens dos pilares, forro e lajes em steel deck.
“Este tipo de arquitetura”, afirma Parada, “exige uma preocupação com o usuário, de modo a favorecer a leitura do edifício, respeitando a escala humana e proporcionando deslocamentos claros. A linguagem adotada no Augusto Severo é a de um prédio transparente e integrado com seu entorno físico e sua arquitetura marca, por meio de tecnologia aprimorada e expressão plástica, a identidade com o espírito da cidade e da região à qual serve.”
Para isso, o aeroporto de Natal foi concebido a partir de uma estrutura simples, “mas que desenhasse as curvas do teto que imaginei”, diz o arquiteto. Há uma sequência de vigas treliçadas planas que cortam transversalmente o edifício a cada 12 m, nos vãos propostos pelo projeto anterior e descartado pela Infraero e que limitaram as fundações. A estrutura de cobertura é travada por outras vigas longitudinais e mãos-francesas e a que forma o piso do mezanino e, consequentemente, o pavimento técnico, foi executada com treliças em perfis I, assim como os pilares.
No desenho arquitetônico, destaca-se a cobertura com jogo de planos curvos, os quais não se tocam para que a luz penetre no edifício como se fossem grandes sheds, uma clara homenagem do arquiteto à beleza natural da região. “No interior do edifício, além do aproveitamento da luz, eu queria que o ar circulasse livremente, possibilitando, desta forma, um desenho de uma arquitetura ambientalmente correta.”
No caso dos aeroportos brasileiros que precisarão ser ampliados para a Copa 2014 e continuarão em funcionamento, o aço se revela como a alternativa mais acertada para a execução das obras no prazo exigido pela FIFA. Neste tipo de projeto, o Aeroporto Santos Dumont do Rio de Janeiro (RJ) pode ser uma inspiração para arquitetos e engenheiros.
Considerado um ícone da arquitetura modernista brasileira, o Terminal de Passageiros do Aeroporto Santos Dumont foi projetado na década de 1930 pelos irmãos Milton e Marcelo Roberto e sua arquitetura ficou descaracterizada ao longo de sua vida por reformas e adaptações, até que, em fevereiro de 1998, um incêndio o destruiu quase por completo. Recuperado com projeto do arquiteto Sergio Jardim, retomou sua volumetria original e outras características marcantes de sua época, o que resultou em seu tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac).
Em 2004, o Terminal de Passageiros do Santos Dumont novamente foi alvo de ampliação, mais uma vez com projeto de Sergio Jardim, que encontrou diversas condicionantes como desafio: além de ser tombado, a ampliação não poderia impedir a visão da Baía da Guanabara e deveria considerar o mínimo de intervenções no prédio existente. Portanto, “a ampliação do Santos-Dumont foi concebida de modo a ‘envolver’ o prédio existente originalmente e tombado”, afirma Sergio Jardim. Desta forma, criou-se um bloco lateral ao prédio existente para as funções de embarque, ficando o prédio original com as funções de desembarque. Relacionando estes dois blocos, e dadas as características estéticas, foi criado o chamado bloco de ligação em aço que relaciona os citados blocos com o Conector, também em aço, onde estão as salas de embarque e pontes metálicas de embarque e desembarque. “Todo este conjunto precisava necessariamente de soluções arquitetônicas que conferissem leveza e transparência ao conjunto, daí a opção pelas estruturas em aço”, destaca.
Em termos construtivos, o grande destaque da ampliação do Santos Dumont, sem dúvida, é o Conector que interliga os quatros prédios que formam o Terminal de Passageiros: uma estrutura em tubos de aço e vidro que forma uma edificação elíptica com 3.360 m² e 287,50 m de comprimento.
Toda a obra de reforma do Santos Dumont levou apenas dois anos e Sergio Jardim reforça o coro dos que defendem o aço como solução construtiva para os projetos da Copa 2014. “Seguramente, o aço é o material mais adequado devido às suas características de leveza arquitetural e estrutural, além da maior facilidade em agregá-lo a estruturas existentes, conferindo maior velocidade aos processos construtivos”, garante o arquiteto.

Experiência além-mar
Em Portugal, encontramos mais um exemplo da agilidade que o aço impõe a qualquer obra, defendida pelos dois arquitetos brasileiros. Foi o que aconteceu com o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na cidade do Porto, em que novos pisos foram construídos sobre o terminal existente em operação. A solução construtiva encontrada foram as estruturas em aço. A partir dos requisitos do projeto, de acordo com Tiago Abecasis, engenheiro responsável pelo projeto estrutural do aeroporto pela empresa Tal Projecto Lda, era claro a necessidade de se reduzir ao mínimo a quantidade de elementos da nova estrutura que atravessam os espaços onde funcionavam equipamentos e serviços, ou circulavam pessoas e bagagens, além de toda a movimentação das peças que constituem as estruturas dos novos pisos sobre a cobertura existente. “O material estrutural que melhor se adequa a esses condicionamentos é, sem dúvida, o aço, que permite vencer grandes vãos e suportar esforços elevados com peças relativamente leves”, destaca Tiago Abecasis.
O Aeroporto Francisco Sá Carneiro foi eleito, em 2007, a melhor obra de Portugal em aço pela European Convention for Constructional Steelwork (ECCS) - Convenção Europeia para Construções em Aço -, e conforme explicou o júri, a premiação foi concedida devido ao edifício vencer 80 m de vão por meio do emprego de estruturas trianguladas e combinar a transparência com a leveza da estrutura, apropriadas a esse tipo de edificação. O Terminal também foi escolhido, em 2009, como o terceiro melhor aeroporto da Europa em sua categoria – menos de 5 milhões de passageiros/ano.
Com a ampliação, o Terminal de Passageiros do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que ocupava uma área com 200 m x 80 m, passou a ter 840 m x 120 m, com altura máxima, acima do nível de estacionamento, de 9,5 m para 32 m.

Sonho em aço e vidro
Com adjetivos superlativos, o Aeroporto Internacional Suvarnabhumi, em Bangcoc (Tailândia), é uma das obras arquitetônicas recentes que mais impressionam no quesito dimensão: há espaço suficiente para um campo de futebol entre os dois únicos pilares do terminal. Projetada pelo arquiteto Helmut Jahn, do escritório Murphy/Jahn Architects, a construção, finalizada em 2004, também impressiona pelo ar futurista impresso pelas vigas de aço e pelos vidros do fechamento lateral, nos quais foram utilizados 3.500 toneladas de aço e 100 mil m² de vidro.
O Terminal de Passageiros do Suvarnabhumi (que significa, em tradução livre, terra dourada) é uma construção inovadora e sua superestrutura consiste principalmente em pilares de aço distanciados a 126 m, que suportam o peso do telhado de 210 m x 576 m, que cobre o prédio envidraçado do terminal e se projeta por mais cerca de 40 m acima dos pilares – seis no total, ligados por meio de gigantescas vigas pesando 1.700 toneladas. O aço no aeroporto de Bangcoc foi utilizado, inclusive, nas grades, painéis, escadas, torre de controle, grades de vidro, balcões de check-in. Sete pavimentos e uma cave dão uma área total de 563 mil m², que o tornam provavelmente o maior aeroporto do mundo, mas que, ainda, será ampliado.

Texto original, não editado, para a edição especial Copa 2014 da revista Arquitetura & Aço - dezembro 2009

Casa em steel frame no Caldeirão do Huck

Na foto, entrada do sobrado em steel frame projetado pela equipe do arquiteto Marcelo Rosenbaun para o Caldeirão do Huck

O quadro Lar Doce Lar, do Caldeirão do Huck, veiculado no sábado 7 de dezembro mostrou as infinitas possibilidades do steel frame na construção civil popular. A casa “reconstruída” está localizada no alto do morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, e um simples barraco se tornou uma bonita e ventilada casa de dois pavimentos.

O projeto de Marcelo Rosenbaun e equipe optou pelo steel frame para facilitar a subida dos materiais, já que as estruturas e as placas cimentícias são leves e o acabamento se resolve praticamente só com pintura. De acordo com o arquiteto, outro ponto a favor da construção seca é que ela gera pouco resíduo na obra, ou seja, não houve entulho para remover.

Outro destaque desse projeto é o telhado verde, escolhido para dar mais conforto térmico à casa e porque retarda as águas das chuvas, ajudando a combater alagamentos e desmoronamentos.

Além de propiciar uma casa nova para a família do Carmo, esse projeto tem o objetivo de ser o piloto para outras moradias de comunidades como a do Santa Marta, que poderá servir a qualquer família dentro desse perfil e com a possibilidade de aumentar a área e abrigar um negócio próprio.

Esse projeto de soluções foi doado pela Rosenbaum para a comunidade Santa Marta e entregue empara o Secretário de Planejamento e Obras do Rio de Janeiro, Sérgio Dias, e contempla as seguintes opções:
1 quarto + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia

1 quarto + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia + área para uso comercial

2 quartos + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia

2 quartos + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia + área para uso comercial

3 quartos + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia

3 quartos + banheiro + copa/cozinha + sala + lavanderia + área para uso comercial

Foto: blog do Rosenbaun

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Fora do ar

"Ando meio desligada, já nem sinto meus pés no chão..."

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Alguém viu isso na F1?





As fotos do flagra são do publicitário Du Scatolin, que acompanhava os treinos do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 - 2009, em São Paulo. É um mistério o que esse pessoal estava fazendo, mas que a sequência é ótima ninguém pode negar.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A casa de vidro

Suspensa por estrutura em aço, Casa Varanda, no Rio de Janeiro, tem paredes transparentes que permitem desfrutar a beleza da floresta da Itanhangá

Projetada pela arquiteta Carla Juaçaba, a Casa Varanda é uma verdadeira “caixa de vidro” encravada na floresta de Itanhangá, no Rio de Janeiro (RJ), com paredes paralelas de vidro que permitem admirar a natureza exuberante do local. Declaradamente inspirada em um ícone da arquitetura moderna, a Casa Farnsworth, do arquiteto alemão Mies van der Rohe, a Casa Varanda prima pela simplicidade e tem como elementos principais a estrutura em aço e o vidro.


A Casa Varanda tem planta compacta, simétrica e retangular: localizada no centro, a sala de estar configura a varanda, enquanto os quartos ocupam os extremos. As poucas paredes existentes estão dispostas transversalmente em planta, de forma a não obstruir a vista. Carla Juaçaba afirma que as varandas são uma constante nas casas brasileiras, mas este projeto não precisou de uma, pois se transforma inteiro em varanda “quando os painéis de vidro estão abertos”.
Devido ao terreno lodoso – com até 20 m de profundidade – e aos alagamentos em dias de chuva constantes no local, uma das soluções empregadas foi elevar a casa a 80 cm do chão usando estrutura em aço, estacas de concreto pré-moldadas e blocos de coroamento em concreto armado.
De acordo com o engenheiro Pirajá dos Anjos, responsável pelo projeto estrutural, a estrutura da casa é mista: no primeiro pavimento, as vigas principais são em perfis CE 300 x 76 e pilares em perfis CE 200 x 34, ambos em aço Coscor 300, que recebem pré-lajes em concreto armado; a cobertura, por sua vez, tem estrutura composta de perfis VEE 200 x 26 com vigas principais e terças em perfis (320 x 50 # 1/8”) em aço, ambas também Coscor 300, que recebem telhas termoacústicas em aço galvalume. Uma sequência de vigas pré-moldadas de concreto (com 6 m de comprimento), encaixadas em ligas metálicas, configura a laje revestida com um piso cimentado claro.
A estrutura em perfis de aço foi soldada e montada em apenas 15 dias e o telhado, em telha tipo aparafusada no perfil tubular quadrado, que se projeta 1,5 m para fora do perímetro da construção, foi colocado em apenas um dia. “Este foi o material mais adequado e leve para a estrutura metálica, e o aço nos permitiu ter rapidez no processo construtivo”, destaca a arquiteta. Como a casa fica próxima ao mar, os elementos em aço receberam um primer de proteção epoxi e pintura de acabamento à base de epóxi, protegendo a estrutura contra a maresia.
Em um projeto totalmente integrado à natureza, uma das grandes preocupações foi preservar todas as árvores do terreno. Por isso, o formato retangular da casa, que ocupa uma clareira. Esta configuração só foi possível por causa da precisão do aço.

Ficha técnica
Projeto arquitetônico
: Carla Juaçaba
Colaboradores: Joana Ramalhete (estagiária UAL-Lisboa) e Nina Lucena (estagiária PUC-RJ)
Área construída: 140,4 m²
Aço empregado: Coscor 300
Projeto estrutural: Pirajá Afonso Suppo dos Anjos
Fornecimento e montagem da estrutura em aço: D´Angeli Serviços de Engenharia Ltda.
Telhas: Tuper
Local: Itanhangá, RJ
Data do projeto: 2005
Conclusão da obra: 2007

Inspiração que vem do Xingu



Residência de veraneio em Barra do Una, litoral de São Paulo, alia as concepções habitacionais dos índios Yawalapíti com as tecnologias construtivas metálicas

Unir tecnologias construtivas modernas aos modelos de edificações indígenas, mais especificamente às da cultura yawalapiti, sem impactar no meio ambiente. Com este objetivo, os arquitetos Newton Massafumi Yamato e Tânia Regina Parma, do escritório Gesto Arquitetura, conceberam a tipologia arquitetônica da Casa Pouso Alto, localizada em uma área de transição entre o Parque Estadual da Serra do Mar e a área mais antrópica do litoral norte paulista em São Sebastião, uma das regiões onde a Mata Atlântica ainda está preservada no Estado de São Paulo.

Oriundos da parte sul do Parque Indígena do Xingu, conhecida como Alto Xingu, os índios Yawalapiti constroem suas casas relacionando-as com as partes do corpo: a parte da frente, por exemplo, corresponde ao peito, os fundos são as costas, a porta é a boca e os pilares são as pernas. O espaço interno normalmente é organizado com área para a cozinha, ao centro fica o depósito de alimentos e em frente à porta de entrada fica o local para receber os visitantes e também para as danças.

Para o projeto da Casa Pouso Alto, os arquitetos se inspiraram nesta distribuição. “Sua envoltória tem uma geometrização obtida por meio da referência da casa dos Yawalapiti e seu ‘miolo’ procura corresponder às necessidades do programa de uma residência de veraneio, utilizando-se técnicas atuais para se criar um espaço contemporâneo.”

Por estar encravada em um local de preservação ambiental, as soluções construtivas precisavam minimizar os impactos à paisagem e, portanto, optou-se por mesclar na estrutura da construção o aço, a madeira e o concreto, em uma edificação suspensa do solo. “Procuramos manter a configuração geomorfológica do terreno existente e, por isso, suspendemos a edificação em relação ao solo e a apoiamos com o menor número de pilares, de modo a garantir a conectividade da fauna e da flora no extrato inferior da mata”, detalham Newton e Tânia Regina. Além de elevarem a casa, os arquitetos a revestiram de vidro, permitindo aos moradores observarem a natureza exuberante da Mata Atlântica. A transparência também está presente no teto e no piso de circulação.

Nessa configuração inspirada na cultura Yawalapiti, o aço entra como solução construtiva por méritos como propriedades estruturais, facilidade de pré-fabricação, transporte e montagem e, por fim, por ser um material reciclável, uma vez que possibilita a reutilização a partir da desmontagem dos elementos. Em aço, a estrutura da casa está apoiada em pilares centrais (oito unidades iguais de altura variável, com dimensões de 600 mm e 200 mm), com balanços atirantados. Trata-se de uma solução coerente com o material empregado, pois permite ter seções adequadas ao comportamento estrutural e ligações facilitadas pelo uso de soldas, parafusos e pinos metálicos.“Usamos materiais que contemplem um futuro sustentável na cadeia produtiva e nas fontes de matéria-prima, tentando atingir os melhores níveis de sustentabilidade possíveis para as edificações”, afirmam os autores do projeto.

Além da estrutura principal, o aço também foi utilizado nas estruturas secundárias de apoio aos pisos, na cobertura de vidro e nas conexões da estrutura de madeira da passarela, que interliga a área social à de lazer, nos chamados inserts. A estrutura de sustentação do piso e da cobertura de vidro é formada por uma grelha de tubos metálicos (mescla de tubos de 100 x 100 x 2,28 mm e 100 x 100 x 2,0 mm) com “vagonamento” em cabo de aço. “Esta solução, facilitada pela possibilidade de enrijecimento das conexões que formam a grelha, resulta numa estrutura leve e que viabiliza os vãos necessários. Já na estrutura de apoio da passarela em madeira, em forma de uma árvore, foram empregadas conexões metálicas muito competentes estruturalmente, o que só foi possível de ser executado graças às características do aço.”

O aço, aliás, convive harmoniosamente com os outros elementos – vidro, alvenaria e concreto – e é aparente nos ambientes internos. “Temos, por exemplo, o posicionamento dos vidros de todo o perímetro de fechamento externo junto à estrutura de aço, com a utilização da madeira como elemento de transição entre um material e outro, uma vez que a madeira, neste caso, possibilitou os ajustes e adequações necessários por ser mais maleável.” As vedações internas foram feitas em blocos de concreto celular, formando paredes autoportantes que não tocam a estrutura em grelha de aço da cobertura.

Devido à proximidade com o mar (cerca de 3 km), o aço escolhido para a estrutura foi o SAC 41, que também recebeu uma proteção adicional em pintura epóxi, especificada para prevenir contra a maresia. No total, foram usadas, aproximadamente, 30 toneladas de aço. Assim como nas casas dos Yawalapiti, cuja temperatura interior é agradável devido aos materiais utilizados, a Casa Pouso Alto foi projetada com elementos espaciais e construtivos que favorecem a ventilação e a iluminação naturais, oferecendo o máximo conforto térmico aos moradores, sem a necessidade de condicionadores de ar durante o verão. A cobertura é em piaçava curva (com sustentação de arcos de 300 X 150 x 4,76 mm, a cada 4,80 m, e terças de 150 x 150 x 3,0 mm, a cada 1,50 m) e uma abertura no topo permite a entrada de luz até um jardim interno, no miolo da construção, composto por vegetação nativa. A iluminação natural se difunde por painéis de vidro da cobertura e das vedações laterais para o interior. E, ainda, o vão formado entre a caixa de vidro e a cobertura de piaçava possibilita a circulação de ar.

A preocupação ambiental desse projeto se estende, inclusive, ao sombreamento, automatizado por meio de sistema de fotocélula na cobertura de vidro, à iluminação artificial, controlada para não interferir no ambiente externo, no uso da água, abundante no local e captada junto ao Rio Pouso Alto, mas restrita ao necessário e devolvida ao meio ambiente por meio de filtragens, sem uso de tratamento químico, e ao esgoto doméstico, filtrado em processos de purificação e cujos resíduos líquidos, após este processo, são infiltrados no solo.

Por estas razões, o projeto de Newton Massafumi Yamato e Tânia Regina Parma recebeu o Prêmio Rino Levi, conferido em 2004 pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil – São Paulo. O aço, sem dúvida alguma, foi um personagem importante para esta premiação.

Ficha técnica

Projeto arquitetônico: Newton Massafumi Yamato e Tânia Regina Parma (Gesto Arquitetura)
Colaborador: Wilson PombeiroÁrea construída: 1.022 m²
Aço empregado: SAC 41
Projeto estrutural: eng. Yopanan C. Rebello
Execução da estrutura metálica: PerlexProteção da estrutura metálica: eng. Alfredo Nogueira (Pint Tecnologia de Pintura)
Execução das peças metálicas das passarelas: Staferro
Execução da obra: Construtora Porfírio e PlazaLocal: Barra do Uma, São Sebastião, SP
Data do projeto: 2000
Conclusão da obra: 2003

Texto publicado na revista Arquitetura & Aço, edição n° 19

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Últimas tendências em arquitetura de academias de ginástica




A academia do personal trainer Giulliano Esperança segue
os mais modernos padrões arquitetônicos da atualidade, que são os de oferecer bem-estar aos alunos e permitir a socialização

Com o advento da chamada geração saúde nos anos 1980, influenciada pelo estilo de vida norte-americano, iniciou-se nas grandes cidades brasileiras a onda das academias de ginástica. O culto ao corpo malhado culminou na década seguinte com a popularização das cirurgias plásticas e a busca pelo modelo ideal de beleza.De pequenas salas com aparelhos de exercícios, os empreendedores deste segmento partiram para a escolha dos melhores pontos-de-rua e shopping centers, nascendo as mega-academias, que, hoje, são responsáveis pela concentração de milhares de frequentadores em todo o Brasil, o terceiro país na América do Sul em número de academias, com um total de 3% da população adepta a estes locais, de acordo com estudo da Fitness Brasil.

Com o passar dos anos, as academias modernizaram ainda mais suas instalações a partir de novos conceitos arquitetônicos, até chegar aos padrões atuais, cuja última tendência é o wellness, ou bem-estar. No wellness, os exercícios são aliados de atividades como o relaxamento em pequenos spas, em grupo com ênfase no relacionamento social, opções específicas para crianças e idosos, mudanças nos hábitos alimentares etc.

A arquiteta Patricia Totaro, diretora do escritório paulistano Patricia TotaroArquitetura de Resultados e a única arquiteta brasileira especializada em projetos para academias de ginástica, tem foco na humanização de espaços e preservação ambiental. “Vejo as academias de ginástica como o terceiro espaço das pessoas. O primeiro espaço é onde moram; o segundo onde trabalham ou estudam, e o terceiro, reservado ao lazer. Por isso, a tendência é que as academias antenadas com os dias atuais invistam cada vez mais no conforto e bem-estar dos alunos, não só no momento do exercício físico, mas também no momento de relaxar e conversar com os amigos.”

Seguindo esta tendência do mercado, o personal trainer Giulliano Esperança buscou no talento da arquiteta Patricia Totaro a ambientação ideal para a sua academia. “Quando cheguei pela primeira vez na Academia Giulliano Esperança encontrei um ambiente bem cuidado, mas onde faltava personalidade”, afirma Patricia.

O desafio, portanto, era grande para a arquiteta, que descreve seu trabalho na academia do personal trainer da seguinte forma: “o primeiro passo foi entender ‘quem é’ Giulliano Esperança e qual o seu diferencial. Uma vez conhecida a seriedade de seu trabalho, o seu cliente-alvo e suas crenças profissionais, procurei traduzir tudo isso na nova arquitetura da academia”.

O resultado, segundo Patricia, “tornou o ambiente aconchegante e acolhedor, com cores escolhidas especialmente para incentivar a prática de exercícios físicos sem estimular em excesso os praticantes. O espaço onde acontece a parte principal do treinamento, que é a sala de musculação (foto abaixo), foi levado para o último andar, bem ventilado e com uma vista agradável da cidade. No andar intermediário, criamos um amplo espaço de convivência (foto ao alto) para que os alunos sintam-se realmente em casa. A ideia é que, com o tempo, os próprios alunos apropriem-se do espaço e ele adquira a característica de cada um, e, consequentemente, do grupo de frequentadores”.

A arquiteta destaca, ainda, que algumas academias do interior de São Paulo já perceberam essa tendência e começaram a se adequar ao novo perfil de seus clientes, mais exigentes e antenados com as novidades dos grandes centros. “Estas academias estão lotadas de alunos satisfeitos”, finaliza Patrícia Totaro.

Sobre o trabalho da arquiteta Patricia Totaro, especializada em projetos esportivos
Patricia Totaro atua há 14 anos no mercado esportivo, desenvolvendo projetos de arquitetura para academias de ginástica, centros esportivos, clubes e spas, com mais de 80 projetos neste segmento em toda a América Latina. É palestrante nos mais importantes eventos esportivos, como IHRSA/Fitness Brasil, Brasília Capital Fintess, Sports Business, dentre outros. É membro da IAKS - International Association for Sports and Leisure Facilities -, do Instituto dos Arquitetos do Brasil e da ASBEA - Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura. É consultora de arquitetura da Associação Brasileira da Indústria do Esporte e redigiu para o Secovi (Sindicato da Habitação) o Manual de Escopo de Contratação de Projetos de Infraestrutura Esportiva.
Dentre seus projetos de academias de ginástica estão as 4 unidades da rede Monday, Eco Fit Club, Runway, Unique Family Club, Escola de Dança Pulsarte, Planet Sports, Carpe Diem, Bio Ritmo, Bourbon Atibaia, Complexo Esportivo Maria Imaculada.

Sobre o personal trainer Giulliano Esperança
Giulliano Esperança é graduado em Educação Física pela UNESP, pós-graduado em Fisiologia do Exercício pela Unifesp e pós-graduado em Obesidade e Emagrecimento pela UGF. Atua no mercado de saúde e qualidade de vida há mais de dez anos e de forma sempre inovadora propõe uma maneira diferenciada e exclusiva de exercícios com foco na saúde e no emagrecimento.
Em sua academia, o personal trainer implantou o sistema Giulliano Esperança Wellness Manager com uma proposta diferenciada: é especializada em pessoas com dificuldade em emagrecer. A partir do gerenciamento total de sua saúde e de seu bem-estar, oferece um sistema de treinamento personalizado, com flexibilidade de horário, educação alimentar, mudança de comportamento, linha exclusiva de orientação on-line e um ambiente perfeito para obter os resultados desejados.
Serviço
Academia Giulliano Esperança
Endereço: Avenida 2, n° 1.348 (esquina com a Rua 14) – Rio Claro (SP)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Lacoste alien's shoes: amei!

A Lacoste lançou uma coleção de calçados que lembram aqueles utilizados por alienígenas nos filmes de ficção científica. A coleção com edição limitadíssima foi criada em colaboração com o escritório Zaha Hadid Architects, e só estará à venda nas melhores lojas europeias, como a Colette, em Paris, 10 Corso Como, em Milão.
Hadid disse à revista Hollywood Life que não há desperdício de material no modelo, que se molda à forma do pé, expande e contrai conforme os movimentos e se adapta ergonomicamente ao corpo.

O preço do par vai de US$ 315 a US$ 525. Mas, em terras estrangeiras!

Hino da Independência do Brasil


Composto por D. Pedro I, em 1821. Em 1922, Evaristo da Veiga escreveu novos versos, que constituem a letra atual.



Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.


Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.


Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil:
Houve mão mais poderosa,
Zombou deles o Brasil.


Brava gente, brasileira...
Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil:
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.


Brava gente, brasileira...
Parabéns, ó Brasileiros!
Já com garbo juvenil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.
Brava gente, brasileira!...
 
Mas será que nossa Pátria é livre mesmo?

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Concebendo uma clínica médica como um spa: The International Hair Clinic, em Moscou

Criada pelo estúdio italiano de design A+I, com sede em Moscou, a International Hair Clinic, recém-inaugurada no coração da capital, mostra como a luz e o design de interiores podem transformar não só um ambiente mas também a disposição do cliente, permitindo-o perceber a clínica como um centro de bem-estar, um lugar não apenas para se tratar mas para se sentir melhor.
A clínica é marcada por um interior claro e despojado: as superfícies brancas das paredes, teto e do piso de epóxi brilhante se transformam em um "quadro" tridimensional, um segundo plano neutro em que poucos objetos essenciais se distinguem e diferentes cenários de luz definem a atmosfera.
No lobby, a área de entrada é definida por seis luminárias de teto Oslo, da Louis Poulsen, que proporcionam uma luminância difusa em todo o ambiente. A mesa da recepção, em Corian verde-uva, é iluminada por downlights dicróicos embutidos (ARC50, da Targetti), os quais possuem fontes de luz com diferentes potências para assegurar o conforto visual na estação de trabalho e dar ênfase para as composições florais características da decoração. Na parede, atrás, a fascinante obra de arte em luz “Dreaming Woman”, de Fabrizio Comeli, captura o olhar do visitante e se torna o tema que envolve a clínica.
A área de espera, concebida como uma pequena sala de leitura que observa o skyline em construção de Moscou, é composta por poucos elementos, porém marcantes. Cadeiras Egg, da Fritz Hansen, em dois diferentes tons de verde, ficam posicionadas em torno de mesinhas baixas. Acima delas, suspensos em diferentes alturas, pendentes PH50, da Louis Poulsen criam uma atmosfera doméstica, enfatizada pela prateleira irregular utilizada como expositor dos produtos de tratamento à venda.
Divisórias em vidro opaco, decoradas com ornamentos florais jateados, transformam as cabines dos cabeleireiros e médicos em boxes iluminados, cuja luz difusa emana do interior; as portas das cabines e salas de tratamento possuem placas luminosas com os números das salas (Dove, da MLE), uma solução normalmente adotada em design de hotéis.
As cabines dos médicos são concebidas como pequenos escritórios, com móveis da Knoll Scope Collection, luminárias de mesa AJ, de Arne Jacobsen – outro ícone do design escandinavo –, e com as PH Hat, também da Louis Poulsen, nas paredes.
As salas de atendimento são divididas em três áreas – tratamento, lavagem e massagem –, cada uma com um cenário de luz próprio. A luz geral é fornecida por luminárias com lâmpadas fluorescentes dimerizáveis (Beat, da Louis Poulsen) embutidas no teto, com telas protetoras de vidro. No centro do teto, uma luminária Oslo propicia uma luz delicada e difusa, e que permite que se desligue a luz geral durante as sessões de massagem. Nichos com iluminação em backlight criam a ilusão de janelas e adicionam espaço e luz ao ambiente.
Nesse projeto, o design de interiores e o lighting design estão estritamente conectados para definir uma atmosfera confortável e destacam a peculiaridade da clínica: conciliar a abordagem científica da medicina ocidental com as atitudes saudáveis das práticas orientais.

The International Hair Clinic
Moscou, Rússia
Projeto de Iluminação: Studio A+I
Mobiliário: Friz Hansen, Knoll, Sitland, MalettiFornecedores: Targetti Poulsen (marcas Targetti, Louis Poulsen e MLE)

Versão do inglês para o português para a revista L+D, edição n° 24, disponível em http://www.portallumiere.com.br/revistaonline/abre_revista.php?arq=198&id_revista=198&altura=768&largura=1024

Envelopagem refinada

Indústria do segmento automotivo aposta no revestimento metálico para destacar área de produção, em projeto premiado pela AsBEA

Sutileza e refinamento. Estes foram os princípios que nortearam a escolha de chapas metálicas corrugadas para o acabamento do bloco da produção da fábrica da MTE-Thomson, indústria de autopeças localizada em Jaguariúna (SP).
Com projeto arquitetônico de Dante Della Manna Junior, premiado em 2006 pela AsBEA na categoria projeto industrial, a edificação tem como principais características a simplicidade, limpeza de solução e baixo custo.
Construída em apenas quatro meses, a fábrica da MTE Thomson é composta por quatro áreas - produção, suporte, montagem final, administração e área para funcionários (refeitório, vestiários etc.). De acordo com Della Manna, para cada área corresponde um volume de edificação, com pés-direitos, equipamentos e acabamentos voltados às necessidades específicas. "Cada bloco tem um acabamento diferente. A administração é revestida por fulget, a produção por chapas metálicas corrugadas, a montagem, áreas de funcionários e de suporte em pré-moldado de concreto", afirma. As telhas utilizadas no fechamento externo são do tipo perfil multidobra Z275, com espessura de 0,50 mm, pós-pintado.
As escolhas dos revestimentos, segundo o arquiteto, foram técnicas e formais. “Queríamos uma sutileza e um refinamento de solução no acabamento dos blocos", diz.
Tirando o máximo partido dos elementos racionais de construção, os setores de produção e montagem foram implantados no centro do terreno e articulam a localização dos escritórios, dos depósitos e do refeitório, respectivamente nos trechos frontal, lateral direito e posterior do lote. Esta setorização escalonada favoreceu a linguagem arquitetônica do projeto, cujos blocos têm diferentes dimensões e diferentes materiais, com destaque para o bloco da produção com os painéis metálicos horizontais que recobrem o concreto, utilizado como padrão de vedação nesse projeto.
A envelopagem metálica é, portanto, uma inovação construtiva que o aço e os revestimentos metálicos imprimiram na arquitetura atual, permitindo a eliminação de arestas e de ângulos retos e dando ampla liberdade de formas, já que podem ser usados em curvas e com diversas texturas e acabamentos.

Ficha Técnica
Projeto arquitetônico: Dante Della Manna Junior (Dante Della Manna Arquitetura)
Colaborador: Antonio Mantovani Neto
Área construída: 5.500 m²
Projeto estrutural: Construtora Tulipa
Aço empregado: aço galvanizado Z275
Fornecimento do aço: Soufer Industrial
Construtora: Construtora Tulipa (galpão de produção)
Local: Jaguariúna, SP
Data do projeto: 2005
Conclusão da obra: 2005


Reportagem realizada para a revista Arquitetura&Aço, edição n° 18

Plasticidade e versatilidade

A escolha de telhas em aço zincadas resultou em movimento e dinamismo na fachada da TAM em Jundiaí

No entorno da Rodovia Marechal Rondon, em Jundiaí, os arquitetos Renato e Lilian Dal Pian projetaram um megacomplexo composto por três hangares que abrigam os aviões Cessna comercializados pela TAM Linhas Aéreas.
Dentre as dificuldades enfrentadas estava o pequeno prazo para projetar e construir o complexo. De acordo com Renato Dal Pian, a agilidade exigida levou à escolha do sistema construtivo tilt-up, no qual as paredes perimetrais do edifício, moldadas em concreto armado sobre a laje do piso interno, são posteriormente içadas por guindastes à posição final. "O travamento destas paredes se faz pela estrutura metálica que suporta a cobertura, também metálica", diz o arquiteto.
Este sistema construtivo foi escolhido devido à rapidez na montagem da estrutura em aço, facilidade de limpeza no canteiro e capacidade de vencer grandes vãos. "Além disso, o revestimento externo em telhas de aço galvanizado, permeadas pela transparência das aberturas em vidro antirruído, enfatiza a horizontalidade do conjunto e reforça a identidade do edifício com as atividades contidas", destaca Renato. Os trechos de concreto que receberam os vidros e caixilhos foram pintados de vermelho e iluminados internamente para garantir maior destaque à noite.
O envelope metálico do megacomplexo utiliza telha Perfilor, tanto na cobertura como no revestimento externo dos painéis tilt-up. As telhas em aço zincadas foram aplicadas com recobrimento e aparafusadas entre si e são zincadas por imersão a quente e coloridas em processos de pré-pintura em linhas contínuas, sistema conhecido como coil-coating, dando maior plasticidade e versatilidade ao projeto, pois é possível compor curvas em coberturas ou fachadas, criando movimento, dinamismo e linhas orgânicas. Foram usados dois tipos de revestimento na cor RAL9006: Perfilor LR-33 (na parte superior do edifício, acima da linha das portas dos hangares) e Perfilor LR-39F (na parte inferior do edifício).
Padrão para o revestimento de chapas de aço em todo o mundo, a pré-pintura, ou coil-coating, usa resinas extremamente flexíveis de forma que o aço pré-pintado seja conformado sem que ocorram trincas. Além disso, mantém a tonalidade da cor uniforme por toda a extensão da superfície e assegura grande resistência à corrosão e ao ataque de raios UV.
O acesso principal ao conjunto se dá pelo prédio administrativo e é facilmente identificável pela transparência desse trecho da fachada, também marcado pela marquise metálica instalada na altura da laje entre os dois pavimentos, cada um com cerca de 6 m de pé-direito. No térreo foram dispostas todas as áreas de apoio e manutenção dos aviões, como docas, salas de elétrica e tapeçaria, áreas de apoio de hidráulica, suprimentos, balanceamento e reparos e espaços para reuniões. O térreo possui, também, salas extras para futuras ampliações e uma grande área central aberta para circulação e descanso de funcionários, com jardins e espelho d'água. E, por fim, as portas das garagens dos aviões, com cerca de 30 m de vão, empregam um sistema de recolhimento das folhas metálicas que permite total abertura sem ocupar muito espaço interno. (D.P.)

Ficha técnica
Projeto arquitetônico: Renato e Lilian Dal Pian (Dal Pian Arquitetos Associados)
Colaboradores: Pablo Chakur, Cristina Pereira, Paula Di Nubila e Filomena Piscoletta
Área construída: 18.938,66 m² (1ª fase) e 8.628 m² (2ª fase)
Aço empregado: perfis soldados e dobrados (estrutura), chapas e bobinas de aço estrutural USI Medacivil (ASTM A 242, ASTM A 606)
Projeto estrutural: Vendramini Engenharia (concreto e metálica)
Fornecimento da estrutura metálica: cobertura Medabil, chapas Perfilor
Execução da obra: WTorre Engenharia e Construção
Local: Jundiaí, SP
Data do projeto: 2003
Conclusão da obra: 2004

Texto publicado na revista Arquitetura&Aço, edição n° 18 - criação: Cibele Cipola

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Arquétipo de luz


Um novo marco para Vaduz, capital de Liechtenstein. É desta forma que os habitantes do Principado definem o novo prédio do Parlamento, inaugurado em fevereiro de 2008. Premiado com menção honrosa no 26th Annual International Association of Lighting Designers (IALD 2009), o lighting design do Parlamento de Liechtenstein, assinado pelo escritório Licht Kunst Licht, com sedes em Bonn e Berlim, trabalhou todas as complexidades técnicas e estéticas com muita sensibilidade.
A necessidade de construir um novo edifício para o Parlamento surgiu em 1988, quando a população de Liechtenstein consentiu no aumento do número de cadeiras parlamentares, que passou de 15 deputados para 25. Com o acréscimo de deputados, o Parlamento precisava de uma nova casa, uma vez que a antiga já não atendia as necessidades atuais.Em 2000, o escritório de arquitetura Hansjörg Göritz, de Hannover (Alemanha), ganhou o concurso para projetar o novo Parlamento, formado por três volumes: a Long House, com três andares com escritórios, salas de conferência e um terraço; a High House, com dois pavimentos e que se destaca pelo telhado com inclinação acentuada; e a Conjunctive House, um discreto volume envidraçado que interliga os outros dois.
O partido arquitetônico foi baseado nos arquétipos das antigas construções com telhado de pedra. O resultado são formas arcaicas na parte interna, com destaque para uma atmosfera quase teatral no salão de reuniões da assembleia. Localizado acima do saguão no nível térreo, o qual é demarcado por diversas colunas, o salão de reuniões é um espaço de grande impacto cênico: delimitado por paredes de pedra em forma de tijolo, inclusive no teto inclinado (cujo ponto mais alto tem 18m de pé-direito), encerra, em seu centro, uma grande mesa redonda, iluminada por um lustre circular de 9m de diâmetro, que também integra de forma sutil todos os módulos técnicos necessários para as sessões, como câmeras e microfones para coberturas online.
Do ponto de vista da funcionalidade, o salão de reuniões pedia níveis verticais de iluminância de alta uniformidade, o que facilitaria o reconhecimento facial, graças à ausência de sombras. Os níveis horizontais de iluminância, por sua vez, precisariam ser suficientes na superfície da mesa de reuniões. Além disso, alguns pontos de destaque na iluminação enfatizam o caráter representativo desse espaço; por isso, o lustre recebeu não apenas componentes para proporcionar luz difusa, mas também para direcioná-la a pontos específicos. No total, são 36 lâmpadas fluorescentes compactas, 72 lâmpadas halógenas, oito microfones e quatro câmeras. Devido às suas dimensões generosas, o lustre foi construído em 12 segmentos individuais para poder ser transportado.
O salão de reuniões também é iluminado, além do lustre, por quatro downlights instalados em uma sanca no ponto mais alto do teto inclinado, as quais criam uma iluminação discreta.Como o nome sugere, a Conjunctive House funciona como uma zona de trânsito entre a High House e a Long House. Situada entre duas estruturas relativamente maciças, esta parte do conjunto foi executada, em contraste, como um delicado volume de vidro, e sua leveza e transparência não podiam ser afetadas por eventuais luminárias visíveis. Para tanto, os lighting designers optaram por colocar a iluminação embutida nas paredes, próxima ao piso, proporcionando a quantidade de luz necessária nas áreas de acesso, e posicionadas em nichos lineares (equipados com faixas de LED), também utilizadas nos forros das passarelas que conectam a Long House à High House nos andares superiores.
A Long House abriga os escritórios, as salas de conferência e o café. Os escritórios receberam um forro de madeira e, para não interferir com este material nobre e sua peculiar textura, as luminárias precisavam se integrar harmoniosamente aos interiores. Assim, a luz emana de fontes embutidas nos painéis que compõem o teto.O terraço localizado na cobertura da Long House é emoldurado por dois planos: em um dos lados, a encosta de um morro, marcada por luz e sombra; em outro, uma parede suavemente iluminada (cuja face é voltada para a praça). A iluminação das áreas externas também foi cuidadosamente pensada pelos lighting designers: uplights embutidos no piso formam um degradê luminoso na fachada, acentuando sua dramática plasticidade e dando vivacidade à passagem entre a parede e a Long House.
Contrapondo ao exterior iluminado da Long House, a High House emana luz de dentro para fora e, como a intensidade luminosa dos dois volumes foi coordenada, o conjunto é bastante harmonioso. Na fachada da Long House, luminárias embutidas no piso conferem dramaticidade e ressaltam as caneluras da fachada.
Em todas as áreas do Federal State Parliament as luminárias utilizam lâmpadas econômicas. Para o café, salas de conferência e hall parlamentar, os lighting designers optaram por lâmpadas halógenas de baixa voltagem e tecnologia IRC, que confere alta eficácia às lâmpadas. Além disso, um detector de movimentos contribui para reduzir ainda mais o consumo de energia em todas as zonas do Parlamento.
O projeto do escritório Licht Kunst Licht para o Parlamento de Liechtenstein possui como principal característica o equilíbrio com o arquétipo do partido arquitetônico, e o resultado não poderia ser outro: a extrema sensibilidade luminotécnica valorizando a percepção do espaço construído.

Federal State Parliament Vaduz, Liechtenstein
Projeto de Iluminação: Licht Kunst Licht
Arquitetura: Hansjörg Göritz Architects; Frick Architects Corp.
Fornecedores: ERCO Leuchten, Siteco Beleuchtungstechnik, WE-EF LeuchtenFotos: Lukas Roth

Versão do inglês para o português para a revista L+D, edição n° 24, disponível em http://www.portallumiere.com.br/revistaonline/abre_revista.php?arq=198&id_revista=198&altura=768&largura=1024

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Twittadas!


Tenho me ocupado pra caramba nos últimos tempos com o novo brinquedinho Twitter - às vezes, incontrolável. É divertido, embora pareça uma gaiola das loucas... Um twittero definiu-o como um saguão de hospício: todo mundo falando sozinho e de vez em quando alguém responde. Esta é ótima!
Mas nesta rede social dá para descobrir várias coisas legais, como as programações dos museus preferidos e similares, promoções-relâmpago etc.
Também é divertido ver como as pessoas escrevem, mesmo que nessa nova grafia esquisita que a internet inventou. Dos meus "following", hoje peguei um erro brabo: "ana_maria_braga acabo de ganhar um par de luvas de boxe vermelhas do Popó, vou treinar, quem sabe venha uzar em breve?" Adoro a Ana Maria Braga, adoro o programa, mas, ai, esta doeu...
Sigo também o professor Pasquale, que está lá dando dicas e outros ensimanentos. Se ele parar para ler, deve ficar horrorizado!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

C.S.I., Without a Trace; maníaco da zona norte

Desde que o mundo é mundo, existem maníacos sexuais, serial killers, e tipos do gênero. Os maníacos sexuais são um caso em particular: por que, na grande maioria das vezes, eles atacam mulheres? O que têm contra nós?
É o caso deste tal maníaco da zona norte de São Paulo. A polícia divulgou o retrato falado e está recebendo informações de pistas para chegar até o infame (na foto acima), que já contabiliza seis vítimas - todas mulheres.

domingo, 19 de julho de 2009

Quem lê o que quer...

... recebe informações que não quer... Foi mais ou menos isso que percebi ao ler o post BOMBA: Pedro Bial está negociando com a Record no blog www.audiencianatelevisao.wordpress.com. O texto diz "Pedro Bial está negociando sim com a Record. A confirmação foi do apresentador e jornalista Raimundo Varela, da Record Bahia, em seu programa ao vivo... Record teria feito uma proposta milionária para Bial apresentar um novo programa, que ainda não tem formato escolhido."
Pois, é. Nesta semana, li uma entrevista com o apresentador da Globo em que "jura de pé junto" que não sai da emissora carioca por dinheiro nenhum deste mundo. É esperar para ver se este amor incondicional pela Globo é verdadeiro.
Foto: audiencianatelevisao

terça-feira, 14 de julho de 2009

Make my day!










Na ensolarada tarde de 13 de julho, um bem-te-vi convive pacificamente com os humanos da área de alimentação do Shopping Center Rio Claro. It made my day!

Sem ofensas...

Em pensar que um dia releases eram proibidos. Resumo de novela, então, era crime inafiançável. Hoje, sem a obrigatoriedade do diploma de jornalismo, tudo acaba em release e em resumo de novela.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dê a descarga, por favor. Ingleses pensam que somos sua latrina!

Esta história dos contêineres com lixo tóxico vindos da Inglaterra para os portos de Santos e de Porto Alegre me deixou indignada. E ainda está cheirando mal...
Todos brasileiros devem exigir explicações ao governo britânico sobre esse desrespeito ao nosso país que já vem acontecendo desde fevereiro. Afinal, os ingleses já levaram muito ouro do Brasil e agora querem que sejamos sua latrina também? É muito para minha cabeça!
O jornal O Globo online publicou notícia hoje (10) dizendo que "A procuradora da República em Rio Grande, Anelise Becker, enviou ofício ao Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, pedindo que a instituição cobre explicações da Inglaterra sobre sobre o envio de 1.098 toneladas de lixo tóxico aos portos de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, e de Santos, em São Paulo, entre fevereiro e maio. As autoridades gaúchas querem que a Inglaterra ajude a desvendar o que classificam de crime ambiental".
Vamos monitorar esta história!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A partir de agora, nem que seja o último macho da Terra!


Depois de ler a notícia "Cientistas afirmam ter criado espermatozoides em laboratório" hoje no UOL (http://noticias.uol.com.br/bbc/2009/07/08/ult2282u1714.jhtm), lembrei-me da tirinha da Rê Bordosa aí acima, publicada no gibi Memórias de uma Porraloca, de Angeli, Circo Editorial. No gibi não tem a data da impressão e também não me recordo quando o adquiri. Que seja.

O caso é que cada vez mais a realidade corre atrás da ficção e em mundo em que a extinção é o destino de qualquer animal, é engraçado pensar que as mulheres, no futuro, talvez só precisem de um bidê higienizado e de um bom laboratório para manter a continuidade do gênero feminino!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Goodbye, Charlie Angel






Sempre que morre alguém famoso o mundo fica um pouco mais vazio. Mas alguns deixam um vazio ainda maior. É o caso do ícone dos anos 1970, a atriz de TV Farrah Fawcett, que faleceu na terça, 23 de junho, aos 62 anos, vítima de câncer.

Pin-up que enlouqueceu os homens do mundo todo com seu belo rosto, sorriso estonteante, corpo saradaço e cabelos loiros esvoaçantes, Farrah ficou famosa por seu personagem na série As Panteras (Charlie's Angels), criada por Aaron Spelling, ao lado de Jaclyn Smith e Kate Jackson. Sua morte, no hospital de SAnta Monica, foi anunciada pelo assessor Paul Bloch.


Farrah cursou a University of Texas, em Austin, e foi uma das mais representativas garotas Delta e na década de 1980 se casou com o ator Ryan O'Neal (com teve um filho, Redmond), após se divorciar de Lee Major, o ator de O Homem de 6 Milhões de Dólares.


A indústria do entretenimento perde um de seus maiores ícones e nós, os fãs, perdemos uma musa inspiradora - quem nunca sonhou em ser Farrah Fawcett que atire a primeira escova!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Ecos do fim de uma profissão...


O que disseram aqueles que participaram da decisão de derrubar a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Votaram contra o diploma os ministros Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello seguiram o voto do relator.

Gilmar Mendes: "Quando uma noticia não é verídica ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. É diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia nesse sentido por não implicar tais riscos não poderia exigir um diploma para exercer a profissão. Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão. Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no âmbito da culinária. Disso ninguém tem dúvida, o que não afasta a possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos eventualmente até à saúde e à vida dos consumidores."
Mas Gilmar Mendes não sabe o que diz. Veja esta declaração sobre as escolas de jornalismo: "Tais cursos são importantes e exigem preparo técnico e ético dos profissionais para atuarem. Os jornalistas se dedicam ao exercício pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada."

Único a votar pela exigência do diploma, Marco Aurélio Mello: "Qualquer profissão é passível de erro, mas que o exercício do jornalismo implica uma “salvaguarda. Penso que o jornalista deve ter uma formação básica que viabilize sua atividade profissional, que repercute na vida do cidadão em geral."

Sérgio Murilo Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), defendeu o diploma com seu sangue e coração. Foi vencido? Suas falas foram:
" A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que derrubou a exigência do diploma para o jornalista representa uma ameaça à democracia. A postura dos ministros que compararam jornalistas com cozinheiros e modelo e deixaram de lado a complexidade e dificuldades da atuação do profissional da área."
"Não é novidade para ninguém que o melhor lugar para qualquer pessoa adquirir conhecimento é a escola. Lamento que o Supremo tenha andado na contramão, deixando de lado a exigência por profissionais qualificados. Foi um contrassenso."
"É um golpe duríssimo na nossa profissão. São 40 anos jogados no lixo. Foi um milagre o Supremo não nos proibir de exercer o jornalismo no Brasil" - sobre a anulação do decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista.

Quer ter uma profissão sem precisar estudar? Seja jornalista!


É mais ou menos isso que significa a derrubada da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para a prática de jornalista, decidida ontem (17 de junho) pelo Supremo Tribunal Federal, mais especificamente na figura do ministro Gilmar Mendes (esse aí da foto acima) que encabeçou a decisão contra o diploma.
Então, agora, quem não quer gastar dinheiro com universidade particular ou perder no mínimo quatro anos estudando, basta começar a escrever sobre qualquer coisa e conseguir uma vaga em um veículo de comunicação. Para ser jornalista, a partir de agora, você não precisa saber os meandros da profissão, não precisa estudar ética, ter conhecimentos de ciências sociais, da língua portuguesa, não precisa de nada. Se souber rascunhar uma ideia, canditate-se a uma vaga em redação. É simples, muito simples.
No entanto, nós que há anos nos dedicamos aos estudos do jornalismo e suas vertentes e que temos um diploma que nos qualifica como profissionais regulamentados estaremos disputando o direito do exercício ético e de qualidade com qualquer Sicrano que se disser bom escrivinhador, e que tenha conseguido o registro no Ministério do Trabalho - o dito Mtb de jornalista - para burlar o compromisso que nós, formados, juramos cumprir quando recebemos o diploma, ou apenas para massagear o ego e dizer que é jornalista - gabando-se, inclsuive, de não ter ficado, no mínimo, quatro anos nos bancos escolares e que apenas foi preciso escrever algumas linhas para conquistar o malfadado Mtb.
Enfim, sejam bem-vindos à imoralidade que passará a imperar no meio da comunicação brasileira. Que sobrevivam os mais fortes!
Crédito da foto: G1

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Óleo de cozinha na pia: um crime ambiental

Quem se preocupa com a saúde do meio ambiente, tem mais uma forma de colaborar: o descarte correto do óleo de cozinha. Inúmeras empresas atualmente fazem a coleta, inclusive domiciliar, do óleo usado.
Em Rio Claro, a empresa Planeta Azul (www.planetaazulrc.com.br) faz a coleta em diversos pontos comerciais e também em domicílio. Para saber mais, basta acessar o site indicado acima ou ligar para (19) 3527-2766. Você ganha, porque a Planeta Azul paga pelo óleo usado de sua casa, e o meio ambiente mais ainda.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Arcos: plástica característica do Estádio Olímpico João Havelange


Entrevista realizada para a revista Arquitetura & Aço, edição n° 16, dezembro de 2008, sobre a cobertura do Estádio Olímpico João Havelange, Rio de Janeiro, com o arquiteto Carlos Porto, do escritório Carlos Porto Arquitetos Ltda.

Como surgiu a ideia da cobertura atirantada por arcos, que é a característica plástica principal do Estádio Olímpico João Havelante?
É difícil para um arquiteto precisar o momento em que uma ideia, que resolva um problema de projeto, surge. De uma certa maneira, o processo se faz por aproximações sucessivas. Pelo menos para mim, não aparece assim de estalo. Quando você percebe, a mão com o lápis está como que procurando o desenho que começa a se formar na sua cabeça. E isso vai acontecendo aos poucos. Vai tomando forma e, num determinado momento, aparece o desenho que materializa a solução que você queria. Agora, todo o arquiteto, todo o artista em seu processo criador, tem suas próprias referências pessoais e profissionais, referências que vão se acumulando ao longo de sua carreira, desde os primeiros anos de faculdade, e das quais faz uso, muitas vezes inconsciente, ao lançar os primeiros traços de seu novo trabalho. No meu caso, se eu fosse buscar as referências mais significativas entre os diversos estádios esportivos que conheci, encontraria o projeto apresentado por Oscar Niemeyer, em 1941, para o Concurso para o Estádio Nacional, nos terrenos do Derby Club, onde foi construído o Maracanã. Um belo projeto, com um grande e único arco de concreto, sustentando o enorme balanço da cobertura.

Proposta para cobertura do Estádio Nacional por Oscar Niemeyer, à direita

No nosso caso, o Estádio Olímpico João Havelange é o resultado de três projetos diferenciados que se sucederam guardando uma característica inconfundível e comum a todos: a sustentação da ampla cobertura por quatro ou até oito arcos metálicos apoiados em pilares externos ao seu contorno e que se ajustavam tanto na diagonal quanto formando ângulos retos entre si.
Ele começou a se desenhar no final do ano de 1995, na Riourbe, uma empresa da Prefeitura do Rio, quando o projeto que elaboramos serviria para um estádio de futebol para 50 mil espectadores em um terreno na Barra. Naquela ocasião, o Memorial Descritivo do Estádio já destacava, entre as suas principais características, a grande cobertura metálica “sustentada por quatro grandes arcos, também metálicos, em sistema de cabos estaiados, conferindo ao coroamento a monumentalidade requerida”, segundo os termos então empregados.


Projeto, versão 1995, à esquerda

Depois, no correr de 1996 e já com vistas à preparação da candidatura do Rio para as Olimpíadas de 2004, fizemos uma outra versão do estádio, já então com as pistas de atletismo exigidas para as competições internacionais que ali estavam previstas, tendo tido sua imagem amplamente divulgada pela imprensa. Com o posterior esvaziamento da candidatura olímpica da cidade, o processo de sua construção foi transferido para outra oportunidade futura.
Esta ocasião surgiu no final de 2002, com a escolha do Rio de Janeiro para sede dos Jogos Panamericanos de 2007. Naquele momento, a Prefeitura nos solicitou, então, que estudássemos um outro projeto para a atualização das ideias anteriores. Foi assim que surgiu o estádio para o Pan-2007, com essa nova formatação - projetado pelos arquitetos Carlos Porto, Geraldo Lopes, Gilson Santos e José R. Ferreira Gomes – e tendo uma capacidade inicial para 45 mil espectadores e previsão para um possível acréscimo de mais 15 mil lugares, chegando assim aos 60 mil lugares, no terreno de 200 mil m², localizado em frente à Estação do Engenho de Dentro.

Como esta ideia foi solucionada? Qual a dimensão dos vãos?
A bem dizer, a ideia já nasceu com sua solução estrutural clara e definida. O que fizemos depois, em conjunto com a equipe de calculistas, tanto de concreto quando da cobertura metálica propriamente dita, foi ajustar o dimensionamento dos componentes mais significativos, do ponto de vista plástico, como, por exemplo, os gigantes de concreto que sustentam e apoiam os arcos, o diâmetro dos arcos e dos tirantes, os aparelhos de apoio e assim por diante. No caso dos vãos entre os apoios dos arcos da cobertura ficamos com 221 m para os arcos maiores e 163 m para os menores. Um trabalho que, como sempre acontece, era ajustado diariamente com as equipes de montagem no canteiro, com várias interferências, especialmente quanto aos prazos de todas as etapas de execução, o que nos remetia sempre à escolha preferencial por determinados tipos de escoramentos, de alguns perfis e de chapas a serem calandradas, e ainda das possibilidades técnicas de execução de peças pelos fornecedores contratados. São fatos comuns no andamento de uma obra desta envergadura, cujo trabalho em equipe passa pela sucessão de etapas possíveis, dentro de cronogramas apertadíssimos, como foi o caso. Um ajuste diário entre o sonho imaginado e a realidade possível. Felizmente, o esforço de todos, construtores, projetistas, fiscais e, em especial, dos operários que são os que fazem com que tudo aconteça, foi recompensado. Hoje, no hall principal do Estádio Olímpico João Havelange, os nomes de cada um dos que fizeram aquela obra possível estão lá gravados, numa homenagem especial: administradores, dirigentes, arquitetos, engenheiros, técnicos e os mais de 3 mil operários que trabalham na obra, em todas as etapas de sua execução.

O processo construtivo da cobertura requereu um estudo minucioso, inclusive com testes no Canadá. Fale um pouco sobre este estudo e as soluções encontradas.

Tipologia Estrutural
A estrutura de cobertura do Estádio Olímpico João Havelange é composta por quatro grandes arcos tubulares, os quais, por meio de tirantes de suspensão, suportam 42 tesouras treliçadas de 50 m de comprimento, formando um anel arqueado para apoio do sistema de cobertura.

Arcos lleste-oeste: vão livre de 21 m
- Pendurais suspensão
Arcos norte-sul: vão livre de 163 m
Megacolunas de concreto armado, altura de 4,2 m, seção do tubo 480 x 35 cm.
Esquema estrutural da cobertura
Arcos leste-oeste
Nos setores leste e oeste, temos dois arcos planos com vão livre de 221 m, formados por perfis tubulares com 2.000 mm de diâmetro e espessuras variando de 22 a 25 mm; cada arco é estabilizado por tirante inferior tensionado composto por tubo com diâmetro de 800 mm e espessura de 19 mm.
A flecha entre arcos e tirantes é de 31,40 m; estes conjuntos estão apoiados em megacolunas de concreto armado com seção tubular circular; as colunas têm altura de 42 m, diâmetro de 4,80 m e espessura da parede de 35 cm.
Arcos norte-sul
Nos setores norte e sul temos dois arcos planos com vão livre de 163 m, formados por perfis tubulares com 2.000 mm de diâmetro e espessuras variando de 19 a 25 mm. Cada arco é estabilizado por tirante inferior tensionado composto por tubo com diâmetro de 800 mm e espessura de 19 mm.
Túnel de vento
Para a determinação correta do efeito de vento sobre a cobertura, foram realizados testes em modelo reduzido no túnel de vento do laboratório RWDI, no Canadá, e após várias análises determinou-se a adoção de 16 carregamentos.
Tesouras
A cobertura é composta por 42 tesouras, com comprimento de 50 m, que coincidem a cada dois pórticos de concreto do estádio. As tesouras estão espaçadas aproximadamente 20 m e interligadas por joists, que por sua vez travam as tesouras e recebem o sistema de cobertura.

Qual o papel do aço nesse projeto e como ajudou a agilizar a obra?
Quando, no século 19, acontece uma grande demanda por eventos de massa para o público das capitais e os empresários procuravam canalizar este desejo, as novas tecnologias construtivas facilitaram a construção de grandes estruturas. Esse momento coincide com o emprego do ferro conjugado com o vidro na construção, quando surgiram as enormes pontes e as estações ferroviárias, as galerias envidraçadas e os espetaculares pavilhões das feiras internacionais. Desta forma, o aço sempre esteve ligado, desde a origem, a essas possibilidades oferecidas pelas novas técnicas, então disponíveis. No campo dos esportes, esse ímpeto chegou por meio da reedição das Olimpíadas, com a proposta do Barão de Coubertin, para os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, realizados em Atenas, em 1896. No entanto, esses primeiros estádios do século 19 eram um assunto, por assim dizer, da engenharia. Ainda que soberbas estruturas tenham sido levantadas, essa limitação levava a uma desnecessária restrição quando se imagina as possibilidades que o tema oferece. Na verdade, os estádios não são apenas trabalhos de engenharia, mas antes de tudo a expressão da cultura popular e esportiva. Mesmo quando classificados como um tipo de arquitetura utilitária, eles têm renovado seus laços com a arquitetura. Os últimos exemplos de Atenas 2004 e Beijing 2008 estão aí para nos mostrar o poder dessa poderosa associação entre a arte e a técnica.
Sabemos que a acomodação de multidões exige uma complexidade técnica e logística da mesma forma que um significado social e simbólico. Os vários modelos e exemplos dessas estruturas executadas podem ser lembradas não apenas por terem sediados eventos importantes, mas por possuírem aquelas qualidades arquitetônicas que são a essência dos grandes projetos preparados para os grandes fatos e feitos esportivos da Humanidade: monumentalidade, liturgia, significado, grandeza, porte e presença marcante. Um estádio de alta qualidade é um fator importante na disputa competitiva entre cidades, e sua arquitetura se reflete de grande significado. São estruturas de alta significação e representatividade para elevação da autoestima de uma cidade ou mesmo de países. Portanto, o desenho do Estádio Olímpico João Havelange envolve mais do que apenas sua simples construção, muito mais do que isso. Ele espelha o profundo significado que tem o esporte em nossa cultura e, em especial, responde a uma vocação que é muito forte e intrínseca da nossa cidade, uma vocação para a celebração nos seus espaços livres das ruas e das praças, da nossa alegria musical e espontânea, que se traduz por essa paixão com que sabemos celebrar os nossos maiores feitos esportivos.

Especificações técnicas da cobertura do Estádio Olímpico João Havelange
Devido à complexidade do projeto e diversidade do comportamento estrutural, foram utilizados quase todos os perfis e chapas disponíveis no mercado brasileiro, tendo inclusive a inovação no uso de joists com perfis laminados de pequeno porte (PEL).
- Tubos dos arcos e chapas em geral: aço USI SAC 300 (patinável)
- Tesouras
Banzos: perfis laminados ASTM A 572- Grau 50 (Gerdau e Açominas)
Diagonais e montantes: tubos de seção circular, tubos sem costura VM 300-COR e tubos com costura USI SAC 300
- Joists
Banzos: perfis laminados ASTM A 588- PEL (Gerdau)
Diagonais e montantes: perfis dobrados a frio com aço USI SAC 300
- Pendurais de ligação: arcos e tesouras USI SAC 300 (patinável)
- Parafusos: ASTM A 325 – tipo 03 - elementos principais
Deformabilidade e tensões de trabalho
Foram desenvolvidos mais de 500 modelos estruturais com o objetivo de varrer todas as possibilidades de carregamento e de montagem.
A flecha entre arcos e tirantes é de 23,18 m; estes conjuntos estão apoiados em megacolunas de concreto armado com seção tubular circular; as colunas têm altura de 42 m, diâmetro de 4,80 m e espessura da parede de 35 cm
Detalhes construtivos
Em razão dos grandes esforços solicitantes nos elementos estruturais e suas respectivas ligações, um cuidado especial foi tomado no desenvolvimento dos detalhes construtivos, resultando em peças de grande impacto visual.

Observações finais
Características
Nome da Edificação: Estádio Olímpico João Havelange
Localização: Rua Arquias Cordeiro s/nº, Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, RJ
Data de conclusão: junho 2007
Área total: 182.371,00 m²
Número de pavimentos: 6
Capacidade: 45 mil espectadores
Quantidade de aço utilizado: 3.700 toneladas

O Estádio por Carlos Porto
O Estádio Olímpico João Havelange é do tipo multifuncional, tem forma ovalada com eixos que medem 284 m e 232 m, sem considerar o conjunto de rampas externas. A sua cobertura é metálica, suspensa e atirantada em um conjunto de quatro grandiosos arcos tubulares de aço com 2 m de diâmetro, cobrindo a totalidade da plateia e foi projetado em seis níveis principais, dispondo de um prédio administrativo anexo com salas de apoio às suas várias funções e de uma garage em dois níveis, na cobertura da qual se localiza a área de aquecimento externo de atletas e suas instalações atendem às mais rigorosas normas internacionais de segurança e conforto exigidas para competições de alto nível.
As áreas totais construídas somam 182 mil m² e a projeção do estádio com seus anexos ocupa cerca de 47% da área do terreno compreendido entre as ruas Arquias Cordeiro, José dos Reis, Dr.Padilha e das Oficinas, onde está implantado.
A sua localização em área densamente ocupada e em processo de transformação urbana iniciou uma verdadeira renovação na região, com a melhoria do sistema viário, calçadas e passeios, da drenagem, iluminação e serviços públicos, arborização e sinalização, entre outras. Cuidados especiais ainda devem ser tomados, numa escala de planejamento e intervenções mais abrangentes, para que o tecido urbano e social onde estará inserido possa ser preparado para usufruir integralmente dos benefícios que proporciona.
Estamos atravessando um momento interessante e único na história, no qual podemos associar as mais sofisticadas inovações tecnológicas disponíveis com uma multiplicidade quase ilimitada de possibilidades criativas oferecidas pelos novos materiais e pelas técnicas construtivas mais avançadas. A nós, arquitetos, são oferecidos limites cada vez mais amplos para que possamos transformar em realidade concreta as nossas ideias mais ousadas. Como as que, no nosso caso, pudemos reunir num mesmo edifício: os quatro imensos arcos brancos, as ondulações leves e elegantes das formas de sua cobertura e a estrutura esbelta de concreto das arquibancadas e das circulações do público.
Materializando, assim, quem sabe, na totalidade espacial do conjunto, o risco da trajetória do salto de um atleta que busca superar a altura da barra, o percurso traçado no ar do voo espetacular do goleiro espalmando a bola para escanteio, as caprichosas linhas curvas seguidas pelos pulos da bola quicando no gramado em busca do craque bem colocado e os gestos ondulados dos braços e das mãos da multidão saldando seus times do coração e seus ídolos maiores. A repetição lúdica e inesperada dos arcos do Estádio Olímpico João Havelange, que são a sua marca inconfundível, parece demonstrar de forma inequívoca o acerto da associação plástica entre a vontade criadora e o rigor matemático do cálculo estrutural, agora tornada possível.

Ficha técnica
Proprietário da obra: Riourbe – Empresa Municipal de Urbanização
Construtoras
Fase 1
Consórcio: Racional/Delta/Recoma
Fase 2
Consórcio: Odebrecht/OAS
Projeto
Arquitetura
Arquitetos:
Carlos Porto / Geraldo Lopes / Gilson Santos / José Raymundo Ferreira Gomes Lopes Santos & Ferreira Gomes Arquitetos e Carlos Porto Arquiteto Ltda.
Rua Visconde de Inhaúma, 50, sala 702, Centro, Rio de Janeiro, RJ
Colaboradores:
Cecilia Moreira / Renato Silveira / Diogo Taddei / Rafael Segond / Marcelo Fernandes / Patrícia Miranda / Paola Saito
Consultoria:
Ellerbe Becket inc., Kansas City, USA
Projeto estrutural
Concreto
Engenheiros:
Bruno Contarini / Cesar Pereira Lopes / Waldir Mello / José Eduardo Queiroz / Nivaldo Santos
Metálica
Concepção e cálculo estrutural, projeto básico:
Flavio D’Alembert
Projeto: Alpha Engenharia de Estruturas
Detalhamento:
Jefferson Andrade
Consultoria:
Tiago Abecasis
Projeto de ar-condicionado e exaustão mecânica
DW Engenharia
Projeto de instalações prediais
MBM Engenharia
Comunicação Visual
Modonovo / Bruno Porto
Fabricantes da estrutura de aço e cobertura
Sulmeta – estrutura das tesouras e joists
Indutech – tubos dos arcos e tirantes
Fiscalização
Riourbe e Secretaria Municipal de Obras
Imagens cedidas por Carlos Porto