quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sustentabilidade: deixar de ser modismo para ser necessidade

Hoje, o conceito de sustentabilidade é muito profundo e está vinculado com a capacidade de criarmos processos, produtos, serviços, cultura para não causar impacto negativo no meio ambiente. É fazermos o que fazemos agora sem prejudicar o amanhã. É pensarmos e agirmos pela preservação dos recursos naturais do planeta, altamente esgotáveis. É olharmos de forma diferente de como olhamos a vida na Terra até este momento.
Em qualquer atividade humana é possível encontrar-se o equilíbrio desejado pela sustentabilidade, a bola da vez nas discussões socioambientais. A premissa é simples, e as atitudes sustentáveis podem ser praticadas diariamente sem que os “nossos hábitos passados” sejam alterados radicalmente.
A coleta seletiva de materiais é uma atitude ecologicamente correta e que não gastará energia humana, e economizará a energia do planeta. É simples: basta colocar no lixo que vai para o aterro sanitário apenas os restos orgânicos (de comida) e papéis contaminados (sujos) com gordura e do banheiro, por exemplo. Os outros materiais devem ser separados para a reciclagem em cooperativas que fazem a triagem para posterior comercialização.
Se sua cidade não possui coleta seletiva de lixo, cobre as autoridades competentes, pois atualmente é inconcebível que qualquer município não ofereça este serviço para a população.

A separação
O lixo reciclável, ou material reciclável, é qualquer material que após ser utilizado pode ser reutilizado para fabricação de novos produtos, como por exemplo vidro, plástico, papel, papelão, ferro, aço e alumínio.
A reciclagem tem dois objetivos: amenizar a quantidade de resíduo a ser tratada em uma cidade, ou região, e aumentar o tempo de vida útil dos aterros sanitários (a maioria dos aterros no Brasil está em estado de esgotamento e alerta).
Simplificando, a reciclagem consiste na separação (seleção) e recuperação dos diferentes tipos de materiais orgânicos e inorgânicos. A seleção e a recuperação do resíduo sólido urbano no mundo, principalmente em países desenvolvidos, já é uma prática rotineira e muito utilizada.

Padrão de cores dos coletores de materiais
Para facilitar a coleta de materiais recicláveis em locais públicos, desenvolveu-se um padrão de cores para os coletores, que facilitam a vida de quem descarta e de quem coleta. Portanto, ao vir estes coletores, siga o procedimento de descarte, e colabore para a preservação ambiental.

Azul: papel
Amarelo: metal
Verde: vidro
Marrom/metal: orgânico
Vermelho: plástico
Preto: madeira
Cinza: resíduos gerais

Sinfonia das cigarras



















Para falar sobre sustentabilidade, primeiramente precisamos analisar as acepções da palavra. Sustentabilidade, segundo o dicionário Houaiss, é a característica daquilo que é sustentável. Sustentável: que pode ser sustentado; passível de sustentação. Sustentação: abastecimento renovado do conjunto das substâncias necessárias à conservação da vida; nutrição, alimentação, sustento.
Com estas definições em mente, meditei sobre um fenômeno que ocorre nesta época do ano (a primavera): o canto das cigarras, que chamo de sinfonia, devido à beleza do som que emitem. E acredito que onde ocorrer, há sustentabilidade, esperança de vida.
Cientificamente, entre os insetos, as cigarras (a designação comum aos insetos homópteros da família dos cicadídeos) são os únicos que produzem esse som estridente e algumas das espécies maiores conseguem atingir, acreditem, os 120 decibéis com facilidade, enquanto outras menores realizam a proeza de alcançar uma sonoridade tão aguda que seu canto simplesmente não é percebido pelo ouvido humano, embora cachorros e outros animais possam chegar a uivar de dor por causa dele.
A natureza é pródiga, e até mesmo as cigarras se protegem contra o volume intenso de seu próprio canto. Tanto o macho como a fêmea dessa espécie possuem um par de grandes membranas que funcionam como orelhas. Elas são os tímpanos, conectados ao órgão auditivo por um pequeno tendão que reage quando o macho canta, dobrando-os para que o som alto não lhes provoque danos.
A importância da cigarra no ecossistema é positiva por servir de alimento para os predadores, embora sejam consideradas pragas de algumas culturas. Muitas espécies de cigarra têm períodos diferentes de amadurecimento, com ciclos vitais de duração variada, enquanto as larvas ficam sob a terra. Mas sete espécies do gênero Magicicada têm uma característica adicional: elas são sincronizadas, ou seja, saem do chão todas ao mesmo tempo, para cerca de duas semanas de canto ensurdecedor, acasalamento e postura de ovos.

Dieta mediterrânea: o segredo da longevidade

Quem pensa que o consumo diário de pães e massas engorda, alimentos básicos na gastronomia mediterrânea, engana-se. Pães e massas provêem de cereais, ricos em carboidratos, e não de gorduras animais; portanto, cada grama consumida de proteína produz 4 g de calorias, enquanto que cada grama ingerida de gordura transforma-se em 9 g de calorias. Além disso, as massas são imprescindíveis porque fornecem bastante energia ao corpo, com baixa caloria, e nosso organismo necessita de 60% de energia, que vem na forma de hidratos de carbono presentes em massas e pães.
A partir destes dados, é notório que as massas caem muito bem em uma dieta equilibrada, como a da região do Mediterrâneo, cujos benefícios para a saúde provêem dos pilares que a sustentam: o azeite de oliva, o trigo, as verduras e os legumes. O consumo de azeite de oliva, por exemplo, que é um ácido gorduroso monoinsaturado, normaliza a taxa de colesterol no sangue, e, por conseqüência, inibe a formação da placas de gordura nas cavidades arteriais, o que reduz o risco do aparecimento de alguma doença cardiovascular.
Uma pesquisa sobre a dieta mediterrânea mostrou que os pacientes que se alimentaram durante 27 meses tiveram uma incidência de infarto e morte 73% menor do que os que receberam a dieta convencional. O efeito protetor começa a ser observado dois meses após o início da dieta, o que sugere um efeito de prevenção na formação de trombos (coágulos) que bloqueiam totalmente a coronária. Outras pesquisas também revelaram que tanto os ácidos graxos ômega 3, como os folatos, antioxidantes, proteínas vegetais e outras substâncias, presentes nos peixes, legumes, frutas e cereais, indicaram redução dos níveis de colesterol.A Associação Americana de Cardiologia reconhece que a incidência de doenças cardíacas na região do Mediterrâneo é menor do que nos Estados Unidos, mas que outros fatores, como o estilo de vida, têm de ser levados em conta na análise de seus benefícios à saúde.
Esse blábláblá acima é o prenúncio de uma receita que inventei em um dia de muito calor e que chamei de salada de macarrão mediterrâneo, uma vez que se baseia nos princípios dessa dieta. Experimente e me envie seu comentário.

Salada de macarrão mediterrâneo
Ingredientes para duas pessoas
Meio pacote de macarrão tipo fusili (parafuso)
1 xícara de chá de pimentão verde e vermelho picados
Alcaparras ao gosto
5 azeitonas pretas picadas
Azeite
1 berinjela média picada em cubos
Uvas passas
150 g de presunto Parma ou peito de peru defumado, picados em cubos
150 g de queijo branco, picado em cubo
Alho, cebola, pimenta calabresa e sal ao gosto
1 colher de sopa de cheiro verde picado
Obs: estas medidas podem ser aumentadas de acordo com o gosto de cada pessoa.

Modo de fazer
1. Refogue a cebola, o alho, os pimentões, as azeitonas picadas, as uvas passas e alcaparras e a berinjela em azeite de oliva – em abundância, pois a berinjela “chupa” o óleo. Deixe cozinhar em panela tampada e mexa sempre. Desligue o fogo quando a berinjela estiver macia.
2. Em outra panela cozinhe o macarrão al dente.
3. Em uma tijela redonda e funda, coloque o macarrão e tempere com azeite e sal ao gosto.
4. Sobre o macarrão, coloque a berinjela, o presunto e o queijo. Misture bem e deixe descansar na geladeira por pelo menos 1 hora antes de servir.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Carnaval no Grande Hotel São Pedro: charme, glamour e alta gastronomia

Por Deborah Peleias, para a revista Drops, edição n° 3

Considerado um dos melhores hotéis de lazer brasileiros, de acordo com a Associação de Resorts do Brasil, o Grande Hotel São Pedro é uma das opções da região.
Encravado no Parque Municipal Dr. Octávio de Moura Andrade, no coração da estância hidromineral Águas de São Pedro, o menor município brasileiro em área.
Construído em 1940, o Grande Hotel São Pedro conserva o requinte de espaços arquitetônicos com linhas art déco e decoração clássica. Idealizado no início do século passado, a história do Grande Hotel confunde-se com a descoberta das águas medicinais do município.
Em 2007, o Grande Hotel São Pedro passou por atualizações para manter-se como referência em qualidade de serviços de hotelaria e gastronomia e alguns de seus espaços foram otimizados. Como resultado deste projeto, o hotel agora conta com um campo de golfe, uma nova adega climatizada e a copa do bebê, "itens que trazem ao Grande Hotel São Pedro a sofisticaçãopresente hoje nos grandes hotéis de lazer de todo o Brasil", salienta o gerente geral Paulo Mélega.
O glamour da arquitetura e a alta gastronomia são apenas duas ótimas razões para passar o carnaval 2008 longe do atropelo do litoral brasileiro, sem, contudo, deixar de aproveitar um baile, um desfile de bloco ou um luau. Esta é uma parte da extensa programação do hotel para seus hóspedes.“Todos os anos promovemos um baile temático, acompanhado de um jantar especial”, diz a chefe de cozinha Patrícia Fontana. “Sempre mesclo a cozinha brasileira com a internacional e o cardápio tem três tipos de carnes, além de massas e risotos, para atender a todos os paladares.”
Para acompanhar as delícias gastronômicas, a adega do Grande Hotel possui duas mil unidades e uma carta de vinhos com 120 rótulos. “Temos vinhos das principais regiões produtoras, e os mais vendidos são os argentinos e chilenos. Os nacionais Salton e Miolo também têm boa aceitação, e os espumantes brasileiros estão muito bons”, destaca Fernando Vieira, gerente de alimentos e bebidas.
E a programação de atividades do Grande Hotel reserva muitas surpresas, além do baile principal. “Teremos shows de jazz e blues, de samba raiz, de chorinho, exposição de fantasias carnavalescas, desfile do bloco do hotel, com 30 componentes de uma grande escola de samba, luau do adolescente, botequim do Grande Hotel, oficina de degustação de cervejas especiais, wine moment, oficina de customização de abadá do bloco, e muitas outras”, garante Cleber Brites, coordenador de lazer.
O pacote para desfrutar do carnaval no Grande Hotel São Pedro de 1º a 6 de fevereirosai por R$ 4.850 para o casal, com pensão completa em apartamento superior. Agora, se você quiser estender o prazer de estar nesse hotel, o pacote de extensão de 6 a 10 de fevereiro custa mais R$ 1.300. Para informações e reservas 0800.7700790.

Peixe cru com selo de qualidade cativa paladar dos clientes

Entrevista com Marcelo Picka, sócio-proprietário do restaurante Taikô, em Rio Claro, para a revista Drops, edição n° 2

O Sebrae-SP desenvolveu um programa para restaurantes, bares e lanchonetes paulistasque enfatiza a qualidade da matéria-prima e a higiene pessoal e dos utensílios utilizados na preparação dos alimentos. É o Programa Alimentos Seguros (PAS), adotado pela Associação Brasileira de Culinária Japonesa (ABCJ) como complemento de seu Programa de Compromisso de Qualidade, lançado em maio deste ano e que emite certificações aos restaurantes que oferecemserviços de qualidade e segurança alimentar.Poucos sabem, no entanto, que o Restaurante Taikô, de Rio Claro, foi o primeiro restaurantejaponês do interior de São Paulo a conquistar o selo da qualidade conferido pela ABCJ.
Para saber um pouco mais sobre os planos do restaurante, a Drops conversou com Marcelo Picka, um dos sócios-proprietários.

O Programa de Compromisso com a Qualidade, da Associação Brasileira de Culinária Japonesa, tem quais objetivos?
O objetivo é que os associados atinjam um padrão de atendimento com indiscutível qualidade e que garanta a observação de regras rígidas de segurança alimentar e higiene. Ao final do processo, e após ser aprovado em cada etapa, o restaurante recebe um selo de garantia, comprovando sua excelência junto à ABCJ, aos consumidores e à opinião pública. Nosso objetivo com este selo é manter e melhorar incansavelmente o padrão de qualidade que nos impusemos quando abrimos a casa, e estarmos equiparados aos principais restaurantes japoneses do País em termos de qualidade.

O que o cliente do Taikô pode esperar a partir da conquista deste selo?
Tranqüilidade, pois sabemos da responsabilidade que é lidar com produtos crus. Seguimos todas as normas recomendadas e respeitamos os prazos de validade desses produtos e, portanto, a qualidade dos pratos é mantida e aperfeiçoada.

O Taikô está há quatro anos (em 2007) em Rio Claro. Qual sua avaliação deste período?
Completamos quatro anos em outubro e nesse período não paramos de aprender. Desde os hábitos do consumidor de Rio Claro e região, até lidar com a mão-de-obra, que, no nosso caso, é extremamente qualificada. Mesmo esperando um certo sucesso, nos surpreendemos com os quatro anos de casa cheia e continuamos trabalhando para prolongar esse período.

Quais são os planos para o restaurante? Há alguma novidade que possa adiantar aos leitores da Drops?
No final de dezembro, inauguraremos a Teppan House do Taikô, que será no Boulevard mesmo, bem ao lado de onde estamos hoje. É um conceito diferente do que a região tem: será um ambiente para apenas 15 pessoas e aceitará reservas antecipadas. Os pratos, com base em legumes, peixes e frutos do mar, serão preparados na chapa na frente do cliente. Também começaremos a trabalhar com ostras frescas, todas as sextas-feiras, as quais saem direto de Santa Catarina, chegam no Taikô e são servidas no mesmo dia.

Saudável e saborosa

Por Deborah Peleias, para revista Drops, edição n° 11

Simples e versátil, a tradição culinária dos países banhados pelo mar Mediterrâneo evoca sabores genuínos e traz toda a riqueza da natureza: do azeite às verduras, das frutas às ervas aromáticas, das entradas com pães e saladas aos pratos principais, com peixes, frutos do mar e carnes, sem falar das massas e seus molhos, que a transformaram em uma das cozinhas mais apreciadas do mundo.
Falamos da culinária mediterrânea, que por diversos motivos tem sido fonte de estudos de profissionais da saúde, que buscam desvendar seu principal segredo, o de oferecer longevidade a quem a consome diariamente.
Mas o que faz a dieta mediterrânea melhor do que outras? É o baixo consumo de carnes vermelhas, gorduras de origem animal, produtos industrializados e doces (ricos em gordura e açúcar refinado).
A área que compreende o Mediterrâneo consiste em três continentes e mais de 15 países, mas basicamente sua gastronomia pode ser dividida em três regiões: norte da África (Marrocos, Argélia e Tunísia), Mediterrâneo oriental (Egito, Grécia, Turquia, Síria, Líbano e Israel) e sudoeste da Europa (Itália, França e Espanha).
As dádivas da natureza desta região abençoada pelo clima gentil (de verões quentes e secos e invernos deliciosamente frios) refletem-se na primazia da matéria-prima dos pratos, dando-nos a certeza de que uma alimentação saudável não precisa ser insossa e monótona.
Cebolas, alho e tomates, berinjelas, pimentões, cogumelos, pepino, alcachofras e váriostipos de folhas, tudo regado com azeite de oliva, iniciam as refeições mediterrâneas. Os grãos também são essenciais – lentilhas, grão de bico e favas no Egito, ervilhas na França e feijão branco na Toscana. E o aroma perfumado que se eleva dos pratos vêm das ervas frescas, como o alecrim, manjericão, salsa, hortelã, anis, endro e orégano.
Os frutos do mar permanecem no coração da herança gastronômica – mariscos, anchovas (frescas e curadas), linguados e peixe-espada. As carnes vêm de ovelhas, cabras, cabritos, porcos e coelhos.A principal matéria-prima das massas são as sêmolas de trigo duro, que têm um alto teor em proteínas, ricas em glúten e relativamente pobres em amido. Este tipo de trigo tem uma particularidade que, mesmo depois de moído, seus produtos continuam granulosos, propiciando uma massa mais resisten-te à cocção e, portanto, mais consistente.
A hospitalidade dos povos mediterrâneos pede imperativamente uma boa refeição desde os tempos antigos. Seus sabores são robustos e claros, complementados por molhos aromáticos, que fazem dessa uma culinária benfazeja para os dias atuais: naturalmente saudável porque os alimentos são preparados com o azeite de oliva em substituição à manteiga e as carnes são desecundária importância, dando lugar aos abundantes suprimentos de peixes, frutos do mar e de frutas e vegetais frescos, que crescem muito bem no clima quente e ensolarado daquela belíssima região.

Flores comestíveis

Muito consumidas na Itália, as flores passam a falsa impressão de que vão resultar em receitas adocicadas. Mas na maior parte das vezes, as pétalas e os óleos essenciais são usados da mesma maneira que as ervas finas.
Quando se fala em manjericão ou salsinha, ninguém pergunta como deve usá-las. Pois bem, as flores são usadas do mesmo modo. Se a maneira de preparo é até parecida, não se pode dizer o mesmo do sabor, porque as flores dão mais sabor e provocam um aroma inconfundível.
Usadas em risotos, sopas, molhos, como acompanhamentos para carnes e, claro, como recheio para doces, as flores comestíveis são ingredientes delicados e não têm nada a ver com aquelas compradas em floriculturas ou em grandes mercados.
Só alguns tipos de flores são comestíveis e devem ser compradas em locais apropriados para isso. Os óleos essenciais tirados das pétalas de alguns exemplares e as flores secas também só podem ser adquiridos em farmácias ou em lojas que costumam ficar próximas de mercados municipais das capitais. Mas atenção: eles têm que vir com um selo aprovando suas propriedades culinárias e com a devida assinatura de um farmacêutico responsável.

Por rios e mares gastronômicos

Por Deborah Peleias, para a revista Drops n° 4

O peixe é um dos símbolos do cristianismo e cardápio característico da quaresma, quando os fiéis religiosos se preparam para a grande festa da Páscoa. É neste período do ano em que as famílias têm à mesa pratos à base de peixes, dentre eles, o bacalhau, que nos tempos modernos, principalmente nos países de tradição católica, se tornou o prato principal de festividades como Sexta-Feira Santa e Natal.
O peixe na dieta diária de qualquer pessoa é uma escolha bem saudável, no entanto é preciso saber comprá-lo e conservá-lo.
O sushiman André de Alcântara ensina a escolher e conservar os peixes.Três dos cinco sentidos devem ser usados na hora de comprar um peixe fresco.
A primeira dica de André é usar o olfato: o cheiro forte de amônia em um peixe frescoé sinal de que já não é mais adequado para consumo. Depois, use a visão e avalieos olhos do peixe; se estiverem opacos, sem brilho, descarte, porque passou do “ponto”.
E por fim, o tato: ao ser apertada, a pele do peixe fresco deve voltar ao normal.
Além destas três características, há uma quarta: “o peixe fresco tem um tipo de‘baba’ sobre a pele. Se estiver seca, quer dizer que o peixe não é indicado para serconsumido”, diz o sushiman, que também conta o segredo para se comprar salmão:ao passar a mão sobre a sua barriga, se sentir um aroma de melancia quer dizer que está fresco.

Sabedoria à mesa

Por Deborah Peleias, para a revista Drops, edição julho 2008

Respeito pelos alimentos, combinação equilibrada dos ingredientes e apresentação esmerada de cada prato. É desta forma que podemos descrever a essência da culinária asiática, que inclui os países China, Japão, Coréia do Sul, Índia e Tailândia, reflexo de seus princípios filosóficos e religiosos, que buscam encontrar a harmonia do corpo e da mente por meio da comida.
E com o início das Olimpíadas, todos os olhos se voltam para a Ásia, em especial a China, que sediará a competição desportiva mais importante do mundo. E de todas as culinárias asiáticas, a chinesa é a que mais se espalhou pelos continentes, cujo legado mais importante talvez seja o macarrão, que o navegador Marco Pólo levou para a Itália no século XIII.
Os chineses têm uma incrível habilidade para preparar os alimentos conservando o sabor original. São técnicas desenvolvidas há mais de 4 mil anos, com cortes e temperaturas adequados que auxiliam no cumprimento dos quatro mandamentos da culinária: cor, perfume, sabor e boa apresentação. Além disso, a mão de um cozinheiro é conduzida pelo fundamento do taoísmo do equilíbrio entre energias opostas, o Yin e o Yang. O resultado é uma refeição completa com doce, salgado, frio, quente, macio, crocante.
Na cozinha chinesa, a cor, o aroma e o sabor dividem a mesma importância no preparo de cada prato. Normalmente, qualquer entrada combinará de três a cinco cores, selecionadas de ingredientes que sejam de cor verde clara, verde escura, vermelha, amarela, branca, preta ou caramelada. Geralmente, um prato de carne e verduras é preparado com um ingrediente principal e com dois ou três ingredientes secundários de cores contrastantes. Preparado da maneira apropriada, com temperos e com o molho certo, resultará em um prato esteticamente atraente.
A culinária chinesa pode ser dividida em estilos de cozinhar do norte e do sul. Em geral, os pratos do norte são mais oleosos e os sabores do vinagre e do alho tendem a ser mais acentuados. As massas desempenham um papel importante na cozinha do norte. São talharins, pastéis, bolos recheados no vapor, bolinhos de carne e pão assado no vapor. As cozinhas de Pequim, Tientsin e Shantung talvez sejam os estilos mais conhecidos da cozinha chinesa do norte. Sede das Olimpíadas, Pequim é responsável pela invenção do macarrão, e o prato preferido é o pato laqueado.
Os estilos que representam a cozinha do sul são os de Szechwan e o Hunan, famosos pelo uso da pimenta; os estilos Kiangsun e Chekiang enfatizam o frescor e a suavidade; e em Cantão tende a ser um pouco doce e bastante variada. O arroz e seu derivado, tais como talharim de arroz, bolo de arroz e mingau de arroz são os acompanhamentos usuais do estilo da cozinha do sul.
Os ingredientes que contribuem para um aroma que desperta o paladar são alho-poró, gengibre fresco, alho, pimenta, vinho, anis, canela em pau, óleo de gergelim e cogumelos chineses pretos frescos. Preservar o frescor, o sabor natural dos ingredientes e remover os odores indesejáveis de peixe ou da carne de caça são itens de fundamental importância no preparo de qualquer prato. Na culinária chinesa, o alho-poró e o gengibre servem são utilizados para remover o odor desagradável do peixe – no Ocidente, utilizamos o limão. Molho de soja, açúcar, vinagre também são utilizados para enriquecer um prato sem afetar o sabor natural dos ingredientes.
Um prato bem preparado será saboroso para aqueles que apreciam sabores fortes, sem excesso de tempero, para aqueles que preferem um gosto suave, doce para aqueles que gostam de doce, e apimentado para aqueles que gostam de um sabor picante. Um prato que é tudo isso para todas essas pessoas é um verdadeiro sucesso.
Cor, aroma e sabor não são os únicos princípios a serem seguidos na cozinha chinesa; é claro que a nutrição vem em primeiro lugar. Tão importante quanto o preparo dos pratos é a tradição chinesa em consumi-los. Existem várias regras e costumes e as mais importantes são as que dizem que deve-se comer sentado, seguir a ordem estabelecida de quem pode sentar-se primeiro entre os homens, mulheres, velhos e jovens, os pratos principais deverão ser consumidos com os palitos (na China são chamados de quaitzi, e no Japão, hashi) e a sopa deverá ser tomada com colher.

Culinária chinesa genuína
Especialistas tendem a concordar que Taipei é o único lugar do mundo onde se encontra a versão "genuína" de praticamente qualquer versão imaginável de comida chinesa. Na realidade, em qualquer grande cidade ou pequeno vilarejo em Taiwan, não é necessário caminhar muito para encontrar um pequeno restaurante. Uns poucos passos a mais lhe levarão a um grande e fino restaurante. Mesmo na cozinha caseira, quer seja para as refeições familiares do dia-a-dia, ou para servir convidados, a comida é preparada com sofisticação e variedade.
Pratos típicos do norte incluem o pato de Pequim, galinha defumada, rescaldeiro com cordeiro fatiado, postas de peixe ao molho, carne bovina com pimenta verde e escalopes secos com almôndegas de rabanete branco chinês. Exemplos da típica cozinha do sul são o pato defumado com cânfora e chá, galinha assada no sal, presunto no mel, camarão frito, berinjela com molho de soja, queijo de soja ao estilo Szechwan... a variedade é interminável.
A rápida expansão da indústria e do comércio trouxe uma nova tendência à tradicional comida chinesa: franquias de comida rápida (fast food) chinesa. Ao mesmo tempo, restaurante servindo comida de todo o mundo aparecem em todos os lugares em Taipei: hambúrguer americano, pizza italiana, sashimi japonês, cerveja alemã e queijo suíço, são encontrados facilmente em praticamente toda a cidade. Uma visita a Taipei é uma experiência culinária difícil de se esquecer!

Equílibrio nutricional
Os chineses têm uma crença tradicional no valor medicinal dos alimentos e que os alimentos e os remédios têm a mesma origem. Este ponto de vista poderia ser considerado o antecessor da ciência nutricional da China. Notável nesta teoria é o conceito segundo o qual uma proporção correta de carne e ingredientes de verduras deveria ser mantida.
Um terço dos pratos feitos de carne deveria ser ingredientes de verduras; e um terço do prato de verduras deveria ser carne. No preparo de sopas, a quantidade de água deveria totalizar sete décimos do volume da tigela. Resumindo, as proporções corretas de ingredientes devem ser observadas no preparo de cada prato ou sopa para assegurar o absoluto valor nutricional.

Banquetes
Os banquetes chineses são preparados num sistema de mesas e cada mesa deverá acomodar entre dez e doze pessoas. Um banquete típico consiste de quatro pratos de entrada, tais como pratos de frios ou hors-d'oeuvres quentes; seis a oito pratos principais; então, um prato saboroso de petiscos e sobremesa. Os métodos de preparo incluem mexidos, cozidos, vapor, fritura-profunda, fritura rápida, fritura de panela, etc. Um prato pode ser saboroso, doce, azedo ou picante. As cores principais de um prato poderão incluir o vermelho, amarelo, verde, branco e a cor de caramelo. As guarnições, tais como tomates cortados ou em forma de escultura, rabanetes chineses brancos, pepinos, etc., poderão ser usadas para aumentar a atração visual de um prato. Todos esses elementos contribuem para fazer da comida chinesa uma verdadeira festa para os olhos e narinas, bem como para o paladar.

Um pouco da história de Pequim
Pequim é a capital da República Popular da China, cujo nome significa “capital do norte”. Durante séculos, foi a maior cidade do mundo e, hoje, tem cerca de 10,3 milhões de habitantes. Situada ao norte, é famosa pela Cidade Proibida, o palácio dos imperadores chineses desde o século XV. Foi a capital do Império Chinês de 1421 a 1911.
Em 1912, a capital foi transferida para Nanquim e a cidade tomou o nome de Beiping (Wade-Giles: Peiping - Paz do Norte). Foi ocupada pelos japoneses entre 1937 e 1945. Tornou-se a capital da república em 1949 com o nome atual.

Magia

Cheio de mistério e dor
o mágico chegou.
Pegou sua cartola
e de dentro tirou um
desfile de maravilhas nuas.
Trouxe um girassol,
um pássaro, um gato,
uma coruja, uma gaivota. Trouxe o mar.
O sol, a amplitude, o céu, as estrelas.
Trouxe a si.
Trouxe a mim.
Trouxe nós.
Só não trouxeste vós
porque vos fostes
e dentro da cartola,
no escuro,
se perdeu.
(escrito em outubro de 1980)

Fornecedor também é gente

Algo muito sério - e desagradável - está acontecendo nas empresas. Pode ser que seja conseqüência dos tempos atuais, em que a competitividade, redução de custos e equipes têm obrigado aos profissionais a virarem as 44 horas semanais para Deus sabe quanto!
Esgotamento físico e psicológico têm resultado em mau humor constante nestes profissionais e, conseqüentemente, em péssimo atendimento aos clientes, sejam internos ou externos. E externos incluem-se os fornecedores. Sim, estes coitados que fazem de tudo para agradar, mas pouco conseguem.
O que temos visto, e sentido na pele, são grosserias gratuitas. Nos dão a sensação de que nos relógios dos contatos que atendem ao público externo - e aqui incluem-se novamente os pobres fornecedores - no lugar de números (romano ou arábicos) existem nomes.
O cara vai conferir o horário e se toca: ah, tá na hora de ser maleducado com Fulano; agora é a hora de Sicrano; e assim por diante, durante todo o período em que permanecem em seus postos de trabalho - e, desta forma, garantir o minguado, muitas vezes, salarinho. Salarinho sim, que nem lhe dá o direito de programar umas férias familiares. O pior é que este profissional de empresa também deve agüentar um superior que passa o mesmo sofrimento diário: trabalhar, trabalhar, dar o melhor de si, implementar melhorias, implementar a qualidade, produzir, produzir, e receber outro minguado salarinho no final do mês.
Esta situação é recorrente, forma um círculo vicioso e não tem permitido às pessoas serem felizes em seus trabalhos e em suas vidas pessoais. Muito menos os pobres coitados dos fornecedores, que também têm que produzir, aumentar a qualidade, sorrir o tempo todo e, o pior, agüentar o mau humorado cliente lhe soltando imprompéries do outro lado do telefone (amaldiçoado seja Graham Bell!).
Apesar dos pesares, nós, os fornecedores, damos um desconto para nossos contatos, afinal sabemos quão dura é a vida dentro das corporações. Mas também vamos fazer um acordo: como todo mundo está passando pelos mesmos apuros e estamos todos no mesmo barco (enquanto profissionais da área da comunicação), que tal sermos um pouco mais cordiais com os semelhantes? Vamos ser mais compreensivos e relevarmos as diferenças, principalmente as culturais? Vamos dar uma chance para aquela pessoa que está dando voltas atrás do próprio rabo para agradar ao cliente?
Aqui vai um apelo de um fornecedor que se encaixa perfeitamento no perfil do "correndo atrás do próprio rabo para agradar e receber pelo menos, no mínimo, um obrigado cortês": dêem uma chance a nós; por favor, respeitem as nossas limitações. conversem claramente conosco, passem briefings decentes (se é que sabem o que é isso e o que querem), porque prometemos, nós, os fornecedores, a continuarmos a dar o melhor de nós a cada segundo de nossas vidas (aliás, não cobramos horas extras só para lhes agradar ainda mais!) e oferecemos a nossa criatividade, que é infinita, enquanto dure o seu respeito por nós.
Aliás, queremos deixar bem claro: fornecedor também é gente!
(texto escrito em novembro de 2005)

Síndrome de Coiote

Enquanto profissional, você já deve ter sofrido da síndrome de Coiote; este mesmo, do desenho Papa-léguas! Mas o que é a síndrome de Coiote?
Você não consegue imaginar o que é? Lembra-se da história do Coiote e do Papa-léguas, cuja fórmula clássica da perseguição nunca perdeu o pique: azarado, o Coiote bola um plano mirabolante atrás do outro para abocanhar o Papa-Léguas, que sem notar o perigo sai sempre ileso das patéticas armadilhas do rival, todas supostamente à prova de falha.
Então, a mesma coisa acontece na síndrome de Coiote: você tem altas idéias para oferecer ao cliente, faz planos mirabolantes e infalíveis para colocá-las em prática e, no entanto, no momento da glória, de conquistar o objetivo, tudo sai errado e você se f!
Agora que sabe o que é a síndrome de Coiote, responda sinceramente: você já viveu ou não uma situação dessa?
Mas a pergunta que fica no ar é: como sobreviver à angústia de ver todo um plano ir por água abaixo e da depressão por ter falhado? E o pior, não somos indestrutíveis como o Coiote, que apesar de todos os acidentes, se recupera no próximo frame.
Bip, bip.
XOXO

Desenhar com a luz

Se a palavra fotografia em grego deriva de luz e pincel e signifca desenhar com luz, o talento de Giberto Junior é conseqüência de um raio que lhe tocou os olhos ao nascer.
Ele passeia seu olhar pelas imagens e as capta de forma única.
A tradução mais clara desta certeza é o seu trabalho, que viaja do mais simples retrato à arte fotográfica com uma leveza ímpar.Seja qual for o momento, ele o revela em toda a sua natureza e, por isso mesmo, merece os prêmios recebidos e o reconhecimento de seus clientes.
Em dez anos de profissão, Gilberto Junior já trabalhou em todas as frentes da fotografia, passando pelas diversas situações com ecletismo e olhar apurado. Dos retratos empresariais, para organizações como Bosch e TRW Automotive, às coberturas de baladas e fotos artísticas, seu trabalho é marcado pela precisão e técnica apurada.
Gilberto Junior foi descoberto no concurso Novos Olhares, promovido pela prefeitura de Rio Claro, quando ainda usava uma máquina amadora. A partir de então, tem se aprimorado a cada dia, revelando talento tanto para a fotografia empresarial como quanto para a de marketing.

Aço em módulos

Por Deborah Peleias, para a revista Arquitetura & Aço, edição n° 14

Projeto das Estações de Transferência para a Prefeitura de São Paulo utiliza o aço na estrutura em módulos, agilizando o processo de produção e minimizando custos

Os paulistanos ganharam mais um equipamento urbano que, além de conferir unidade à estética da cidade, cumpre a função básica de prestar um serviço aos usuários de ônibus, dada sua praticidade e segurança. Tratam-se das Estações de Transferências instaladas em vários locais da capital, projetadas pelos arquitetos Marcelo Barbosa e Jupira Corbucci, vencedores do concurso promovido pela Prefeitura de São Paulo para o sistema integrado de transporte público.
Premiado pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea) em 2004, na categoria obras especiais, o projeto, segundo seus autores, se destaca por algumas características, como “transparência, modularidade e um design contemporâneo que remete à indústria automotiva”, além de oferecer conforto e apresentar grande resistência a depredações.
De acordo com os arquitetos, estes grandes “pontos de ônibus”, implantados nos canteiros centrais dos corredores de ônibus da capital paulista, foram pensados com estrutura mínima para não obstruir a visão de um lado para o outro da via e não interferir na paisagem urbana, além de atender à especificação do projeto de que a modulação das estações deveria obedecer a um módulo mínimo de 8 m que se repetisse nas estações de 16 m e 40 m, já que o sistema prevê uma distribuição conforme a demanda e infra-estrutura necessárias ao seu funcionamento – a princípio seriam 350 Estações de Transferência, cada uma composta por dois a quatro abrigos para usuários, conforme a demanda de fluxo do cruzamento.
“Pensamos em uma modulação componível que formasse uma família, com diversas dimensões, tanto na largura como no comprimento, e que satisfizesse as várias situações encontradas nos canteiros, como a quantidade de usuários e junção dos módulos em ruas inclinadas”, destaca Marcelo Barbosa.
Para as Estações de Transferência, a concepção da estrutura em módulos e das peças componíveis utilizou uma produção em série, como na indústria automotiva, imprimindo agilidade ao processo e barateando custos. “Por isso, as soluções da estrutura e do design serem focados no aço e no cálculo-limite para reduzir as dimensões dos perfis”, afirma Marcelo. A estrutura das Estações é formada por dois pórticos metálicos paralelos, cada qual constituído de uma estrutura de 22 cm de altura vencendo um vão máximo de 40 m, com apoios pontuais de 9 cm de espessura.
As primeiras Estações de Transferência entraram em operação em abril de 2004 e, atualmente, ocupam o trecho inicial do corredor da Avenida 9 de Julho, da praça da Bandeira até o túnel. São duas paradas: INSS (com duas plataformas) e Getúlio Vargas (com três plataformas).O concurso também requereu estudos para bancas de jornais e pontos de táxi, e o projeto de Jupira Corbucci e Marcelo Barbosa recebeu a atenção de publicações internacionais, confirmando o valor da criatividade brasileira na concepção e execução de projetos de design para mobiliários urbanos.

Mobiliário Belo Horizonte
Postes de iluminação
A Praça Sete de Setembro, no coração de Belo Horizonte, é o palco para o projeto dos arquitetos João Diniz, Graça Moura e Márcia Moreira, vencedores de uma das etapas do concurso BH Centro – Idéias para o Centro de Belo Horizonte. Responsáveis pelo mobiliário no trecho da rua Rio de Janeiro, os arquitetos idealizaram postes de luz de acordo a uma solicitação específica da Prefeitura em deixar o local muito bem iluminado à noite, atentando para a valorização da arquitetura histórica dos edifícios. Com 5 m de altura e a uma distância de 6 m um do outro, os postes são de aço USI SAC 41 com pintura em tonalidade forte para sobressair no conjunto.

Cobertura em balanço
A cobertura precisou atender a uma característica importante da praça: local de tráfego intenso devido à entrada de garagem de um hotel, além de ser utilizada por floristas e representar um ponto de encontro na cidade. Sua principal característica é o balanço com 5 m de largura, solucionado por meio de quatro mãos francesas em chapas com espessura de 16 mm. A estrutura é formada por quatro cantoneiras em "L", de 203 x16 mm e possui 20 m de comprimento.
Frase “A cobertura em balanço funciona como um lounge urbano, onde as pessoas podem se encontrar nas mais diversas atividades.”(Arquiteto João Diniz)

O aço e o maior arquiteto brasileiro

Por Deborah Peleias, para a revista Arquitetura & Aço, edição n° 13

No final da década de 1950, Oscar Niemeyer tira partido do aço para cumprir os prazos de construção do Congresso Nacional e Esplanada dos Ministérios, edificações de seu mais importante trabalho, Brasília
Ousadia, tenacidade, inventividade. Estas três palavras descrevem o processo por qual passou a criação de Brasília, há 51 anos. No centro-oeste brasileiro, praticamente inóspito no ano de 1957, o arquiteto Oscar Niemeyer colocou em prática sua nova concepção estética, adquirida após uma longa viagem em contato com as grandes edificações européias, sem, contudo, renunciar aos princípios fundamentais que até então nortearam sua obra: o emprego de materiais modernos, a exploração da flexibilidade do concreto e a linguagem incessantemente renovada por sua fértil imaginação plástica.
O trabalho de Niemeyer em Brasília pode ser dividido em três categorias distintas: os palácios de pórticos, os edifícios compostos por jogos de volumes simples e os edifícios religiosos de planta centrada. Destes grupos, o mais inesperado e homogêneo em sua inigualável originalidade é o primeiro. E é, contudo, no segundo grupo que se encontra um aspecto também inesperado na obra do mais renomado arquiteto brasileiro: o aço.
Defensor do uso do concreto na arquitetura, Niemeyer tirou partido pela primeira vez das estruturas metálicas ao se defrontar com o prazo exíguo da construção da nova capital do Brasil. Um dos seus primeiros projetos, então, foi o Brasília Palace Hotel, inaugurado em 1958 e cujas estruturas metálicas contabilizaram 905 toneladas de aço, fabricadas em Volta Redonda e transportadas de trem até Anápolis (GO) e por rodovia até Brasília, onde foram montadas até dezembro de 1957.
A segunda vez em que as estruturas metálicas novamente foram necessárias para que ele cumprisse o compromisso de construir Brasília em prazo recorde foi para agilizar as obras dos Ministérios e do Anexo do Congresso Nacional. Fabricadas nos Estados Unidos pela Bethleheim Steel, as estruturas tinham 15 mil toneladas e desembarcaram no porto do Rio de Janeiro. Para chegarem até o canteiro de obras, percorreram o mesmo caminho daquelas utilizadas no Brasília Palace Hotel e a responsabilidade da montagem ficou a cargo da empresa norte-americana Reymond Pill, especializada em fundações e que no Brasil se estabeleceu sob o nome de Construtora Planalto.
Devido ao pouco conhecimento sobre a edificação em aço na época, a maior dificuldade encontrada por Niemeyer foi o despreparo da mão-de-obra, a qual, diante das dificuldades da montagem da estrutura, precisou receber, de forma quase que precária, os rudimentos da técnica de construção em aço.
A obra de maior complexidade foi o edifício do Anexo do Congresso Nacional, com 29 pavimentos, iniciada quando as obras do edifício principal já estavam bem adiantadas, e que para ser executada em prazo hábil recebeu estruturas metálicas no lugar das de concreto. Na Esplanada dos Ministérios, situada de ambos os lado do Eixo Monumental, foram dispostos os 11 primeiros edifícios ministeriais, todos com estrutura metálica.
Cada edifício compreende, além do térreo, mais oito pavimentos tipo, com 16 mil m² de área construída, na qual foram empregadas 1.080 toneladas de estruturas metálicas, cuidadosamente classificadas de acordo com um plano de montagem, com identificação de cada peça, inclusive com as extremidades pintadas com cores diferentes, para que a administração de obra e os operários pudessem distinguir as de um edifício para outro, uma vez que todas eram semelhantes.
A história de Brasília é, portanto, a prova da ousadia, tenacidade e inventividade de Oscar Niemeyer, que visualizou o aço como meio para chegar aos seus objetivos construtivos. Afinal, ele afirmou que “antigamente quando se terminava uma estrutura via-se apenas lajes e apoios. A arquitetura vinha depois, como uma coisa secundária e eu queria o contrário, essa junção das estruturas com a arquitetura; queria que elas nascessem juntas e fossem bastante sem nenhum detalhe para demonstrar o projeto de arquitetura”.

Poesia + Técnica

Por Deborah Peleias, para a revista L+D, edição nº 19

Um grande volume branco construído às margens do Rio Guaíba, em Porto Alegre (RS), abriga três tesouros: a coleção Maria Camargo, com obras de Iberê Camargo, a genialidade arquitetônica de Álvaro Siza e a engenhosidade do projeto luminotécnico das empresas portuguesas GPIC/GOP. É o Museu Iberê Camargo, inaugurado em maio deste ano.
Premiado com o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza em 2002, o projeto transformou-se em uma das obras-referência da arquitetura no Brasil. Construído para abrigar as mais de quatro mil obras de Iberê Camargo, um dos maiores artistas brasileiros do século XX, o prédio possui nove salas de exposição, oficina de quadros, auditório e estacionamento subterrâneo.
Para dar vida ao sonho da Fundação Iberê Camargo, foram necessários quase dez anos e o arquiteto português Álvaro Siza foi escolhido por ter – assim como o artista plástico gaúcho – a busca pela perfeição como uma das principais características de seu trabalho. Detalhista, Siza deteve-se também no desenho de algumas luminárias e peças de mobiliário.
A construção ocupa 8.200 m² do espaço de uma antiga pedreira, em terreno doado pela Prefeitura de Porto Alegre e localizado em frente ao Guaíba, cartão-postal da cidade e um dos maiores orgulhos dos porto-alegrenses. À semelhança do Guggenheim Museum, de Nova York, projetado por Frank Lloyd Wright, o trajeto para apreciação das exposições pode ser feito de duas formas: por rampas ou por elevador.
As salas de todos os pisos são abertas para o espaço do átrio, ou encerradas por painéis removíveis com até 4m de altura, permitindo a entrada da luz natural a partir do átrio. As salas do último piso recebem luz natural e artificial através de lanternins constituídos por vidro duplo, com acesso intermediário para limpeza e regulação de luz. O espaço do átrio recebe luz por lanternim situado no terraço e por aberturas para o exterior, posicionadas na parede curva.
O conceito de iluminação presente no projeto arquitetônico de Álvaro Siza impôs aos sistemas de iluminação artificial um comportamento semelhante ao da luz natural. “Assim, o desafio técnico que se apresentou foi dotar os ‘falsos lanternins’ das salas de exposição dos pavimentos 2 e 3 de um sistema de iluminação com funcionamento idêntico ao dos lanternins de luz natural (e artificial) das salas de exposição do pavimento 4. A solução encontrada, após várias experiências em protótipo e em modelos de cáculo (realizados no Dialux)”, explica o engenheiro Alexandre Martins, do escritório GPIC, “foi transformar os falsos lanternins em ‘caixas de luz’, instalando em seu interior linhas de luminárias suspensas a meia altura e voltadas para cima. Com esta técnica, foi possível melhorar significativamente a difusão da luz e a uniformidade na face aparente dos lanternins. Além disso, todos os lanternins (falsos e verdadeiros) possuem trilhos de iluminação ocultos em seu interior que permitem a instalação de projetores, os quais receberam lâmpadas T5 de 28W/840, com temperatura de cor de 4.000K.
Integrado ao sistema de automação do edifício, há também um sistema de controle de iluminação que permite a utilização de cenários pré-programados, todos mantendo a mesma temperatura de cor e IRC de 85%.
Nas rampas de circulação entre os pavimentos das salas de exposição, a iluminação artificial segue o esquema dos lanternins e a solução adotada foi a instalação de fendas de luz com cerca de 600x43mm e 900x43mm, constituídas por molduras de alumínio encaixadas nos tetos falsos com difusores de policarbonato (com lâmpadas T5 14W/840 e T5 21W/840, respectivamente).
O Museu também tem como característica a ser destacada a eficiência energética, segundo Martins. “Diria que é um dos mais eficientes em que nosso escritório trabalhou. São apenas 3W/m² a 6W/m² para todo o edifício, dependendo dos cenários selecionados, muito abaixo do comum em museus, que varia entre 10W e 15W/m², e atende aos padrões internacionais mais exigentes.”
Outro desafio dos projetos de controle ambiental foi o de equilibrar a luz natural – que entra pelos lanternins do pavimento 4 – e manter a temperatura ambiente em níveis ideais para não afetar as obras do artista, cujos materiais são extremamente sensíveis à luz. Tudo foi estudado para que a radiação ultravioleta incidente não afetasse as obras de arte expostas, e a radiação que penetra o edifício tivesse potência inferior a 47 W/m², valor considerado ideal por especialistas.
Tais lanternins são do tipo sanduíche e são constituídos por uma barreira UV em vidro com características especiais, a 1m acima da cobertura; uma segunda barreira UV, e uma terceira, em vidros foscos, posicionados a cerca de 3m abaixo da segunda, garantindo a difusão das luzes natural e artificial. De acordo com o engenheiro, a iluminação artificial destes lanternins é garantida por linhas de luminárias instaladas nos “falsos lanternins”, suspensas em cabos de aço acima dos vidros anteriores, e o sistema de regulagem da luz natural será colocado acima da luz artificial.
A já mencionada busca pela perfeição de Siza se evidencia no cuidado com os detalhes, como as aberturas que o arquiteto posicionou nas rampas que interligam os andares: posicionadas em pontos estratégicos, permitem a apreciação do famoso pôr-do-sol no Rio Guaíba. “Em termos de proteção UV, estas janelas não nos preocuparam tanto, pois estão protegidas nos períodos em que a radiação solar é mais intensa, e ao pôr-do-sol a radiação UV é inofensiva e fortemente atenuada pelos vidros e pela distância entre estes e os locais de exposição”, conclui Alexandre Martins.
Ao integrar a abordagem poética e detalhista de Siza às soluções inteligentes do projeto luminotécnico – que não apenas valoriza as formas esculturais do edifício, mas também as obras nele expostas –, o Museu Iberê Camargo deve se consolidar como um marco na arquitetura de nosso país.